Dois dias após os violentos confrontos entre forças de segurança e manifestantes que se opõem à reeleição de Ali Bongo Ondimba, 26 pessoas ainda estão impedidas de deixar a sede de Jean Ping após o ataque das forças de segurança.
Vinte e quatro horas após a invasão pelas forças de segurança, a noite foi difícil para 26 as pessoas que ainda estão presas pela polícia na sede de campanha de Jean Ping, como testemunhou esta sexta-feira, Paul-Marie Gondjout, à Radio France Internationale (RFI) por telefone.
Foram os últimos a serem presos pela polícia, “Alguns estavam de joelhos, mãos atrás da cabeça, troncos nus, às vezes sob o controle de homens armados”, disse Myboto, o organizador de uma festa realizada dentro da sede. A maioria dos ativistas foram transferidos para outro lugar.
Das 26 personalidades, estão o ex-vice-presidente Didjob Divungi di Ndinge, René Ndemezo’o Obiang, diretor de campanha de Jean Ping, e também Paul-Marie Gondjout, Secretário Executivo Adjunto da ONU e sua esposa, assim como o ex Ministro Christian Gondjout e George Mpaga, presidente do movimento da sociedade civil.
“Eles pensaram que [nós] incendiámos a Assembleia Nacional. É uma total falta de seriedade. O poder não tinha alegações nem sequer evidências”, disse ao telefone Paul-Marie Gondjout. “Isto é um verdadeiro sequestro, realizado sem qualquer razão legal, mesmo o procurador da República disse que não estava dentro de sua jurisdição”, protestou o secretário-executivo do partido unidade nacional.
De acordo com o representante da oposição, os 26 detidos receberam, cerca das 23.30 de ontem, a visita de Abdoulaye Bathily, o representante especial da ONU para a África Central, que afirmou ter contactado as autoridades para a sua libertação.
Muitas pessoas ainda na sede de Jean Ping confirmam que o ataque matou duas pessoas. A primeira vítima morreu durante a noite e o seu corpo foi levado por uma ambulância. O segundo corpo permaneceu na sede 14 horas antes de ser removido por uma empresa funerária.
Aos detidos foi-lhes garantido pelas autoridades a transferência para a Gendarmerie de Gros Bouquet para serem ouvidos, fato que ainda não se concretizou.
“Depois de uma noite terrível, não podemos ficar aqui mais uma noite”, disse Myboto. Não recebem cuidados nem alimentos. Paul-Marie Gondjout expressou a preocupação com a saúde de várias personalidades, especialmente Mpaga Georges, um membro da sociedade civil, que sofre de hipertensão e necessita de cuidados urgentes.