Milícias armadas voltadas contra a população muçulmana, na cidade Bangassou, na República Centro-Africana (RCA), mataram nos últimos dias cerca de 30 civis e seis soldados da ONU.
A Missão de Estabilização Integrada Multidimensional da ONU na República Centro-Africana, MINUSCA, anunciou que está a enviar reforços para Bangassou onde os civis deslocados procuram refúgio numa mesquita, numa igreja católica e num hospital dos Médicos Sem Fronteiras (MSF).
O chefe da MINUSCA, Parfait Onanga-Anyanga, disse à Reuters que: “A situação é extremamente deplorável e estamos a fazer tudo para retomar rapidamente o controlo de Bangassou”, acrescentando que crianças-soldados, que parecem estar drogados, estão entre os assaltantes.
Um comunicado do secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que está “indignado” com os ataques contra os civis e os soldados da paz em Bangassou. Guterres declarou que os ataques contra as forças de paz “podem constituir um crime de guerra”.
O Presidente da RCA, Faustin Touadera, afirmou no domingo que pretende ir a Bangassou para dar o seu “apoio à população”. O Chefe de Estado disse que a RCA “nunca será deixada nas mãos da morte trazida por aqueles que rejeitam todo o processo de paz”.
Trabalhadores de ajuda humanitária na CAR alertaram que o país pode estar a regressar aos conflitos. Dezenas de milhares de pessoas fugiram à violência em zonas rurais, nos últimos seis meses. Mais da metade da população depende da ajuda humanitária, mas a ONU diz que os esforços de ajuda são tragicamente sub-financiados.
A violência lembra os combates e os confrontos comunais que mergulharam o país no caos há quase quatro anos.
Um quinto da população do país está atualmente deslocada. Segundo a organização Médicos Sem Fronteiras, os civis estão a ser atacados em níveis nunca vistos durante anos.
