Venezuela: Enviado do Vaticano avisa que interrupção do diálogo nacional em curso resultará num ‘banho de sangue’

O Vaticano e a União das Nações Sul-Americanas (UNASUL) estão, desde o final do passado mês de outubro, a mediar a crise política e institucional que opõe o governo de Nicolas Maduro ao Parlamento controlado pela oposição, Mesa da Unidade Nacional (MUD).

Recentemente, o governo venezuelano aceitou libertar algumas figuras da oposição que se encontravam detidos em troca da retirada de um inquérito parlamentar que visava responsabilizar o presidente Maduro pela crise que afeta o país e do cancelamento de uma marcha até o palácio presidencial de Miraflores, no centro de Caracas, para o notificar do resultado desta deliberação.

No entanto, apesar destes desenvolvimentos terem trazido alguma acalmia, o enviado do Papa que coordena as negociações entre as partes desavindas, aviou, no último sábado, que “se estas conversações falharem o resultado será um banho de sangue”.

“Se uma das delegações acabar com este processo de diálogo, não será o Papa mas os venezuelanos que perderão, porque o resultado será inevitavelmente um banho de sangue”, disse o arcebispo Claudio Maria Celli em entrevista ao diário argentino La Nacion.

Após estas declarações, surgiram novos sinais do extremar de posições entre as partes, depois de figuras da oposição terem vindo reclamar a libertação de mais presos políticos, ao que Maduro respondeu dizendo que “não aceita ultimatos”.

Segundo elementos da MUD, a oposição prepara-se para voltar às ruas e suspender as negociações caso Maduro não liberte nos próximos dias mais presos políticos, entre os quais figura à cabeça Leopoldo Lopéz.

Desde o dia 01 de novembro e até ao momento foram libertados Carlos Melo, preso na véspera da chamada Tomada de Caracas, uma gigantesca concentração popular convocada pela oposição em 1º de setembro de último, por suposta posse de artefatos explosivos; os cineastas Andrés Moreno e Marcos Trejo, autores de um vídeo do Partido Primeiro Justiça dirigido aos membros da Força Armada Nacional Bolivariana encarregados de acompanhar as manifestações, e Coromoto Rodríguez, chefe da segurança do presidente da Assembleia Nacional, Henry Ramos Allup, detido em maio como um dos supostos líderes dos distúrbios ocorridos durante uma marcha convocada pela MUD para exigir rapidez na organização de um referendo que poderia abreviar o mandato de Maduro.

Em entrevista à CNN, o prefeito David Smolansky, integrante do partido Vontade Popular (VP), a formação do dirigente Leopoldo López, disse que as quatro libertações não devem ser vistas como um grande avanço. A VP é a única das quatro organizações que controlam a MUD que não se sentou à mesa do diálogo, alegando falta de condições, e faz depender o seu envolvimento nas mesmas da libertação do fundador do partido, Leopoldo López, detido numa penitenciária militar da periferia de Caracas desde fevereiro de 2014.

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