Centenas de partidários do clérigo muçulmano xiita Moqtada al-Sadr invadiram a Zona Verde de Bagdad, onde se localiza o parlamento iraquiano, no último sábado (30/04), após Sadr ter denunciado o fracasso das negociações para reformar o sistema político.
Os manifestantes juntaram-se em frente aos edifícios governamentais altamente fortificados, na mesma zona onde se encontram várias embaixadas estrangeiras, gritando: “os cobardes fugiram”.
Não se registaram confrontos com as forças de segurança, embora uma unidade do exército de forças especiais equipada com veículos blindados tenha sido expedida para garantir a proteção das embaixadas e dos edifícios governamentais. Os protestos mantiveram-se durante o dia de domingo, sem que, no entanto, tenha sido necessário impor o recolher obrigatório.
Um porta-voz das Nações Unidas e alguns diplomatas ocidentais sitiados dentro da Zona Verde disseram que seus departamentos foram fechados mas negaram rumores que o seu pessoal tenha sido evacuado.
A Rudaw TV mostrou imagens de alguns manifestantes dentro da principal câmara legislativa iraquiana onde os legisladores momentos antes tinham estado reunidos para tentar chegar a um consenso relativamente a um novo sistema de representação eleitoral que tenha em conta as divisões étnicas e sectárias do país.
O Parlamento também não conseguiu chegar a um acordo relativamente à proposta de remodelação do governo avançada pelo primeiro-Ministro Abadi com o objetivo de integrar representantes dos diferentes grupos sectários iraquianos e colocar um travão a corrupção que grassa atualmente no governo.
Momentos antes da queda da Zona Verde, Sadr apresentou um ultimato: “Se os corruptos (funcionários) e as quotas subsistirem, o governo cai e ninguém sai impune.” Num discurso televisivo a partir da cidade sagrada de Najaf, Sadr disse que estava à “espera de uma grande revolta popular para pôr fim à corrupção.”
Já hoje, segunda-feira, quando os manifestantes começaram a retirar da Zona Verde, + um suicida conduziu um camião carregado com três toneladas de explosivos para um encontro de peregrinos xiitas em Nahrawan, um subúrbio no sudeste de Bagdad, matando 19 pessoas e ferindo 48, num ataque reivindicado por militantes sunitas radicais.