Cúpula da Ambição Climática da ONU marcada pela pouca ambição

Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres

Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres

A Cúpula da Ambição Climática da ONU que encerrou na semana passada na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, e que contou com a presença de chefes de Estado e líderes mundiais saldou-se pela ausência de decisões mais ambiciosas e concretas dos Estados e na falta de novos compromissos para a ação climática.

David Waskow, diretor da Iniciativa Climática Internacional do World Resources Institute afirmou que “os pequenos passos oferecidos pelos países são bem-vindos, mas são como apagar um inferno com uma mangueira gotejando.” Para Waskow, há um grande afastamento entre o tamanho das ações que governos e empresas estão a fazer e as mudanças necessárias que deviam ser feitas para enfrentar a crise climática. E o diretor da Iniciativa Climática Internacional lembrou que “alguns dos maiores emissores ficaram visivelmente ausentes desse debate.” 

No discurso de encerramento da Cúpula de Ambição Climática, o Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse que acredita que não se trata de “um sonho” alcançar o limite de aumento de temperatura de 1.5ºC se “mobilizarmos todas as nossas energias para que isso aconteça”. António Guterres lamentou que as condições ainda não tenham sido “totalmente cumpridas” e, “em muitos aspetos, estamos até retrocedendo.”

Depois da deceção com a reunião do G-20, na qual não houve entendimento sobre o clima devido às divisões geopolíticas entre os maiores emissores, as economias industrializadas e as economias emergentes, o foco recai agora sobre “conseguir unir forças, respeitando o princípio de responsabilidades comuns e diferenciadas, mas com todas as partes reconhecendo que precisam fazer mais, e precisam fazer mais juntas, combinando recursos e, principalmente, os recursos tecnológicos que permitem a transição, para acelerar a necessária transição.”

Para o secretário-geral da ONU, “muitos de nós, confiantes na necessidade de ação climática, ainda não estamos a fazer o suficiente quando analisamos as nossas próprias pegadas de carbono.” Apesar disso, encorajou a que se crie “o ambiente favorável” para que as metas ambicionas se tornarem realidade.

Enquanto nas ruas decorriam manifestações com milhares de pessoas exigindo o fim dos combustíveis fósseis, os líderes e decisores políticos reuniam-se para preparar o caminho para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2023 (COP 28), no Dubai, momento que pode ser decisivo para a ação climática.

Na reunião que decorre de 30 de novembro a 12 de dezembro de 2023, na Expo City, no Dubai, os governos terão uma oportunidade histórica de corrigir a rota, fazendo a transição para uma economia melhor e com utilização de energia limpa.

Espera-se que os países presentes na 28ª conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas se comprometam com o rápido abandono dos combustíveis fósseis. Muitas das medidas centram-se no aumentando das energias renováveis, nos transportes e na indústria. Aos países mais ricos e maiores emissores é pedido que cortem drasticamente as suas próprias emissões e demonstram solidariedade com os países mais vulneráveis e afetados pelas mudanças climáticas.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *




Artigos relacionados

Timor-Leste: FMI prevê abrandamento do crescimento para 1,5%

Timor-Leste: FMI prevê abrandamento do crescimento para 1,5%

O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou que o crescimento económico em Timor-Leste deverá abrandar para 1,5% em 2023. A informação…
Guiné-Bissau: MADEM-G15 qualifica ataque à PJ de tentativa de Golpe de Estado

Guiné-Bissau: MADEM-G15 qualifica ataque à PJ de tentativa de Golpe de Estado

O Movimento para Alternância Democrática (MADEM G-15) responsabilizou o Governo pela perda de vidas humanas nos confrontos na sequência da…
Moçambique: Filipe Nyusi presente na abertura do XXXIII Conselho Coordenador do Ministério do Interior

Moçambique: Filipe Nyusi presente na abertura do XXXIII Conselho Coordenador do Ministério do Interior

Apesar dos últimos casos de raptos verificados na cidade e província de Maputo, o Presidente da República e comandante-chefe das…
Angola pretende reforçar cooperação judiciária com o Brasil

Angola pretende reforçar cooperação judiciária com o Brasil

O presidente do Tribunal Supremo de Angola, Joel Leonardo, divulgou que o país quer reforçar a cooperação judiciária com o…