Um relatório da Amnistia Internacional, “Belarus: Crackdown on Athletes”, revela o papel que os atletas bielorussos têm desempenhado para chamar a atenção internacional para as violações de direitos humanos cometidas pelo governo bielorrusso.
Neste país, a administração desportiva está sob controlo direto do governo, e os atletas que testemunham esta situação põem em risco as suas carreiras e a sua liberdade.
Em agosto de 2020, mais de 1.000 atletas assinaram uma carta aberta apelando a novas eleições no país, e ao fim da tortura e das detenções arbitrárias de manifestantes pacíficos. A carta foi iniciada por Alyaksandr Apeikin, treinador desportivo e fundador de um clube de andebol que, pouco tempo depois, foi avisado de que deveria
deixar a Bielorrússia porque estava a ser preparado um processo criminal contra ele.
De acordo com a Sports Solidarity Foundation, 60 pessoas que assinaram a carta foram retiradas da seleção nacional, perderam o seu financiamento, foram forçadas a negar ou foram agredidas fisicamente.
Até à data, 95 atletas foram detidos por participarem em protestos pacíficos, sete deles foram acusados de ofensas políticas pela sua oposição pacífica ao governo, e 124 sofreram outras formas de repressão – incluindo 35 atletas e treinadores que foram afastados da equipa nacional.
A Amnistia Internacional relembra também que, além dos atletas, a repressão governamental contra a dissidência tem atingido grande parte dos setores da sociedade bielorrussa. Referindo nomeadamente o caso do jornalista Roman Protasevich, uma das vozes críticas à atuação do governo bielorrusso e proeminente figura pública associada aos protestos contra as últimas eleições de agosto de 2020, que foi detido pelas autoridades bielorrussas, após o seu voo entre Atenas e Vilnius ter sido forçado a aterrar em Minsk devido a uma
falsa ameaça de bomba.