Os famosos acordes da folia nasceram a partir da música folclórica do final do século XV em Portugal, onde era usado em festas populares. Esta folia (aludindo à forma frenética como os camponeses giravam ao som da música) foi descrita por Covarrubias como barulhenta, fogosa e capaz de despertar voluptuosidade.
A folia seguiu assim caminho por Espanha e todo o Mediterrâneo, chegando a Bach e em particular nesta cantata Mer hahn en neue Oberkeet, «Nós temos um novo governante» (BWV 212). A música é despojada, simples e rústica, seguindo por canções e danças de forma popular, o motivo pelo qual é conhecida como Cantata dos Camponeses. A ária Unser trefflicher lieber Kammerherr faz soar uma doce folia, nesta montagem quase cinematográfica entre tonalidades, ritmos e atmosferas.
As Folk Songs (aqui na versão orquestral) de Berio levam-nos ao limiar da imaginação e criatividade, através do fascínio e experimentação com diferentes culturas musicais e vernáculos: são originárias de oito países e regiões: América, Armênia, Auvergne, Azerbaijão, França, Itália, Sardenha e Sicília.
O compositor italiano Antonio Salieri (1750-1825), celebrado pela sua meia centena de óperas (em três idiomas), foi um criador cosmopolita. A folia é o mote para estas variações, explorando de forma hábil todo o colorido orquestral, de forma solene, enérgica ou mesmo pastoral: a melhor forma para rematar esta celebração da história, das gentes e da vida.
Variações sobre A Folia, no Centro Cultural de Belém, no dia 06 de fevereiro, pelas 17h00m, no Grande Auditório.