Durante séculos, historiadores e cientistas concordaram que quando os primeiros grupos humanos buscavam comida, os homens é que caçavam. No entanto, um enterro de uma mulher caçadora há 9.000 anos atrás nas montanhas dos Andes da América do Sul revela uma história diferente.
Randy Haas, professor assistente de antropologia e principal autor do estudo, “Mulheres caçadoras das primeiras Américas” publicado a 4 de novembro na Science Advances revela “Uma descoberta arqueológica e uma análise das primeiras práticas de sepultamento derrubam a antiga hipótese do ‘homem o caçador'”.
Em 2018, durante escavações arqueológicas num local de grande altitude chamado Wilamaya Patjxa, no Peru, os investigadores encontraram um enterro antigo que continha um kit de ferramentas de caça com pontas de projéteis e ferramentas de processamento de animais. Os objetos que acompanham as pessoas na morte tendem a ser aqueles que os acompanharam em vida segundo os cientistas.
Foi determinado que a pessoa provavelmente era uma mulher com base nas descobertas do osteologista da equipa, James Watson, da Universidade do Arizona. A estimativa do sexo de Watson foi posteriormente confirmada pela análise de proteínas dentais conduzida por outros investigadores.
A descoberta surpreendente de um enterro de uma caçadora levou a equipa a perguntar se ela fazia parte de um padrão mais amplo de caçadoras ou apenas era apenas um exemplar único. A partir da analise dos registos publicados de sepultamentos do final do Pleistoceno e do início do Holoceno na América do Norte e do Sul, os investigadores identificaram 429 indivíduos em 107 locais. Destes, 27 indivíduos estavam associados a ferramentas de caça grossa – 11 eram mulheres e 15 homens.
A amostra foi suficiente para “garantir a conclusão de que a participação feminina na caça grossa inicial era provavelmente não trivial”, disseram os investigadores. Além disso, a análise identificou a mulher caçadora Wilamaya Patjxa como o primeiro enterro de caçadora nas Américas.
