Desde a semana passada que existe uma nova regra para as publicações de cientistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), principal agência brasileira para estudar e administrar as vastas áreas protegidas do país. Esta regra dá a um dos principais funcionários do ICMBio a autoridade para conferir todos os “manuscritos, textos e compilações científicas” antes de serem publicados.
Os cientistas temem que o governo do presidente Bolsonaro use as análises para censurar estudos que entram em conflito com seus esforços contínuos para enfraquecer as proteções ambientais. Relembre-se que Jair Bolsonaro tem uma relação marcadamente hostil com a comunidade científica.
“A ciência está a ser atacada em várias frentes”, diz Philip Fearnside, ecologista veterano do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). “Há negação da pandemia, negação das mudanças climáticas, negação do desmatamento; para não mencionar os cortes no orçamento. ”
As queixas de Bolsonaro contra cientistas brasileiros remontam ao início de seu governo em 2019. Nesta altura acusou o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais de “mentir” sobre os dados de satélite que mostravam o aumento do desmatamento na Amazónia e demitiu o seu diretor, Ricardo Galvão, após este defender os números.