Uma equipa internacional, que conta com a participação de cinco investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), anunciou ontem à comunidade científica um surpreendente número de eventos registados pelo XENON1T, o sistema mais sensível de sempre na deteção de matéria escura.
A natureza destes eventos não está totalmente deslindada, e por isso, a equipa não declara ainda a descoberta da matéria escura. No entanto, adiantam, que para além de outras possibilidades, esta descoberta pode ser sinal da existência de um novo tipo de partícula denominado axião solar.
Esta possibilidade, «muitíssimo mais interessante, é a existência de um novo tipo de partícula. De facto, o excesso de eventos observados tem energias similares às que se esperam para os axiões produzidas no sol», avança José Matias-Lopes, investigador do Laboratório de Instrumentação, Engenharia Biomédica e Física da Radiação (LIBPhys) da FCTUC e coordenador da equipa portuguesa.
Esta descoberta teria um forte impacto no avanço do conhecimento, não só da Astrofísica, mas também da própria Física. Adicionalmente, os axiões produzidos no início do universo podem também explicar a origem da matéria escura.
O XENON1T esteve em operação entre 2016 e 2018 em Itália, no laboratório subterrâneo de Gran Sasso, debaixo de 1300 metros de rocha. Projetado para a deteção extremamente rara de matéria escura, este sistema de altíssima sensibilidade mostrou já conseguir registar outros eventos de muito difícil deteção.
O XENON1T vai ser substituído por um novo sistema de deteção ainda mais sensível, o XENONnT, que deverá entrar em funcionamento este verão. «Avizinham-se por isso tempos de grandes avanços e de descobertas que levam a largos passos em frente no conhecimento da Humanidade», afirma o consórcio.