Uma investigação internacional liderada pela Universidade de Sydney revelou que cannabis e psicodélicos são considerados significativamente mais eficazes do que antidepressivos tradicionais no alívio dos sintomas de transtornos alimentares. O estudo, publicado a 22 de julho na JAMA Network Open, é o maior do género até à data e envolveu mais de 7.600 participantes de 83 países.
Segundo a principal investigadora, Sarah-Catherine Rodan, da Iniciativa Lambert para Terapêutica com Canabinoides, os resultados “destacam caminhos promissores para futuros tratamentos”, apontando para a necessidade de ensaios clínicos rigorosos com psilocibina e canabidiol (CBD). Está já previsto um ensaio clínico com psilocibina para o tratamento da anorexia nervosa, bem como um estudo piloto com CBD em jovens com formas graves do transtorno.
O estudo mostra que a cannabis foi particularmente valorizada por pessoas com anorexia e ARFID (transtorno de ingestão alimentar restritiva), por ajudar a aumentar o apetite e o prazer alimentar — questões centrais nesses diagnósticos. Os psicodélicos como LSD e “cogumelos mágicos” foram também altamente avaliados, mesmo com uso pontual, pelos seus efeitos duradouros na melhoria do bem-estar.
Em contraste, antidepressivos, embora úteis para a saúde mental geral, foram considerados pouco eficazes para os sintomas alimentares. Substâncias como álcool, nicotina e cocaína foram associadas a piores resultados, tanto em termos de saúde mental como no agravamento dos transtornos alimentares.
Os autores defendem que a auto-medicação, apesar de controversa, pode conter indícios terapêuticos relevantes, e pedem mais investigação científica formal sobre o uso de canabinoides e psicodélicos no tratamento de condições alimentares.