O filme “Balada de um Batráquio”, de Leonor Teles, venceu um Urso de Ouro no festival de cinema de Berlim. A produção portuguesa foi premiada na categoria de melhor curta-metragem.
“Balada de um Batráquio” expõe comportamentos xenófobos em relação a membros da etnia cigana em Portugal e para Leonor Teles este prémio “foi completamente inesperado”.
“Nunca pensei, achei que era impossível. Somos pequeninos, fizemos um filme com pouco dinheiro, e ter ganho é uma coisa inacreditável.”
A realizadora espera que a obra ajude a desconstruir preconceitos relativamente a esta comunidade.
O filme aborda a prática comum em Portugal do uso de sapos de cerâmica, por parte de lojistas e proprietários de cafés e restaurantes, de forma a evitarem a entrada nesses estabelecimentos de membros da comunidade cigana, que têm várias superstições ligadas ao animal.
Leonor Teles, que tem raízes ciganas por parte do pai, diz que o filme “não apresenta só uma problemática mas tenta, de certa forma, combatê-la”, uma vez que a própria realizadora sentiu a “urgência” de destruir vários desses sapos em frente à câmara.
A cineasta sublinhou que o prémio também “representa o reconhecimento de um trabalho de dois anos e de todas as pessoas que trabalharam no filme”.
Este é o segundo filme de Leonor Teles. Em 2012 rodou “Rhoma Acans”, também focado na comunidade cigana em Portugal e que lhe valeu o prémio Take One, no Curtas de Vila do Conde, em 2013.
“Balada de um Batráquio” chegará às salas portuguesas pela mão da Portugal Film, indicou a distribuidora em comunicado.
O Presidente da República já felicitou Leonor Teles, considerando que o galardão “vem confirmar o talento da jovem realizadora e representa o coroar de muitos esforços”.