Estudo inédito apresentado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Instituto FSB Pesquisa, ambos do Brasil, mostram que 77% da população deste país “é a favor de que escolas e faculdades exijam dos alunos o comprovante de vacinação.
O comportamento cauteloso também é observado na adoção das máscaras: independentemente da obrigatoriedade, pelo menos 70% dos entrevistados disseram que “continuariam a frequentar supermercados e a viajar de avião ou em autocarros com este item de proteção”.
“A população reconhece que a vacinação foi um fator determinante para o enfrentamento da crise sanitária e o Brasil é um dos países que se destaca pelo alto índice de cobertura vacinal. Estamos num cenário de menor gravidade da pandemia, propício ao retorno das atividades económicas a um ritmo próximo da normalidade, com retomada do emprego. Manter os cuidados é importante para que evitemos uma nova onda, por todos os seus impactos na sociedade”, mencionou o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
Comprovar vacinação
Este estudo sublinha ainda que “o apoio à exigência do comprovativo de vacinação no retorno às aulas presenciais é acompanhado de um percentual alto da população que também é favorável à vacinação infantil (79%). E o índice permanece o mesmo entre quem tem filhos ou não. Entre os pais de crianças entre 5 e 17 anos, 70% já vacinaram todos os seus filhos contra 18% que ainda não vacinaram nenhum deles”.
A maior parte da população (61%) também defende a adoção do “passaporte de vacina” em outros estabelecimentos, além de escolas e faculdades. E os próprios estabelecimentos aderiram mais à medida: 27% da população teve de apresentar o comprovativo de vacinação para entrar em algum lugar nos últimos três meses. Este índice foi de 18% em novembro de 2021.
“Este resultado reflete a confiança da população na vacina. As pessoas sentem-se mais seguras em relação à Covid-19 quando estão próximas de quem já se vacinou”, pontua o gerente de Análise Económica da CNI, Marcelo Azevedo.
Note-se que, no Brasil, houve uma massiva adesão à vacinação contra a Covid-19 – 95% da população acima de 16 anos disse que já tomou pelo menos uma dose – e a maioria (82%) pretende tomar a dose de reforço e completar o esquema vacinal. Ainda assim, de acordo com esta mesma pesquisa, para 33% da população o medo de conviver com pessoas não vacinadas é grande ou muito grande.
Quando questionados sobre o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras, os brasileiros entrevistados parecem ainda “não estarem preparados para deixar o item de proteção em casa”. A maioria dos entrevistados afirmou que manteria o uso de máscaras em supermercados (73%), viagens em autocarros ou avião (70%), no comércio tradicional (64%), nos centros comerciais (61%) e no trabalho (59%). O índice cai, mas fica acima de 40%, em atividades como cinemas, cafés, restaurantes, casas de eventos e concertos e ginásios.
Porém, de acordo com esta pesquisa, “muitos deixaram de usar máscaras em ambientes abertos ou até mesmo abandonaram o hábito”. Nos últimos seis meses, o número de pessoas que utilizam máscaras em lugares abertos e fechados caiu quase pela metade – passou de 55% em novembro de 2021 para 29% em abril deste ano – enquanto aumentou o número de adeptos apenas em lugares fechados (de 40% para 53%). Já 17% disseram que não estão a utilizar mais máscaras contra 4% em novembro de 2021.
“É precoce dizer que o uso das máscaras continuará a ser um padrão entre os brasileiros mesmo com o fim da obrigatoriedade. Os índices de contaminação e óbitos por Covid-19 estão muito presentes na memória da população. Precisamos continuar a avaliar este comportamento nos próximos meses”, ponderou Azevedo.
Está pesquisa segue já na sua sexta edição sobre o comportamento da população na pandemia. Entre 1º e 5 de abril de 2022, foram entrevistadas 2.015 pessoas com 16 anos ou mais em todos os estados do país e o Distrito Federal.
Ígor Lopes
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