A Universidade de Plymouth está a desenvolver um conjunto de pesquisas abrangentes e multidisciplinares para fornecer soluções que possam reduzir a pegada de carbono da indústria naval. Atualmente, cerca de 80% do comércio global é transportado por mar, contribuindo com 2,5% do emissões mundiais de CO2.
Na tentativa de resolver o enigma da descarbonização, a instituição de ensino britânica juntou especialistas, engenheiros, designers, cientistas e economistas para desenvolver a primeira rede do Reino Unido de pontos de carregamento elétrico para barcos. Todos os grandes navios porta-contentores que cruzam os oceanos do mundo e até os barcos mais pequenos que navegam pelas águas costeiras do Reino Unido, deixam uma pegada de carbono ao longo do caminho e é esse rasto prejudicial ao ambiente que a universidade britânica está agora empenhada em reduzir.
O objetivo de descarbonizar o setor marítimo, atingindo uma frota de navios com emissões zero até 2050, e tornar os oceanos mais limpos é encarado como uma abordagem transdisciplinar que pode trazer soluções inovadoras e tornar o transporte marítimo mais ecológico.
A Universidade de Plymout estabeleceu parcerias com as empresas, apoiando-as com pesquisa e desenvolvimento. Entre essas empresas, destacam-se os especialistas em carregamento elétrico da Aqua superPower, com os quais a instituição de ensino estabeleceu uma parceria para instalar a primeira rede de pontos de carregamento elétrico para barcos do Reino Unido, criando uma rota marítima elétrica ao longo da costa sul da Inglaterra. Embora a eletricidade ainda não seja capaz de alimentar um enorme navio porta-contentores que atravesse o Atlântico, é a solução perfeita para pequenas embarcações e navios que utilizam os portos e águas costeiras do Reino Unido.
À margem desta pesquisa, há alunos que estão a desenvolver uma estação de energia flutuante que pode reabastecer embarcações elétricas usando energia gerada pelas suas próprias turbinas de maré, vento e painéis solares. Embarcações elétricas autónomas também estão em desenvolvimento – incluindo algumas que podem operar abaixo da superfície e ser usadas para pesquisar locais potenciais de parques eólicos, mas sem deixar uma pegada de carbono.
A Universidade está também preocupada com a descarbonização dos materiais com os quais os barcos são construídos e lavados. Nesse sentido, já desenvolveu acordos com especialistas para produzir um novo produto anti-incrustante que evita que ervas daninhas e moluscos se prendam ao casco das embarcações. O produto não contém metais pesados, que são tradicionalmente usados nos revestimentos. Este trabalho envolve igualmente químicos universitários e biólogos marinhos na avaliação do impacto do produto anti-incrustante na vida marinha.
Outros pesquisadores estão a investigar formas de usar os resíduos para criar novos biocombustíveis. Já há estudos sobre o lítio que, após ser reciclado de baterias gastas, é misturado com matéria-prima, como algas marinhas ou matéria orgânica, onde atua como um catalisador, unindo carbono e hidrogénio para formar um novo combustível. Um grande desafio que os investigadores se deparam consiste em saber como a navegação usará esses combustíveis do futuro, apesar de estar a ser criada uma nova geração de combustíveis substitutos do diesel, como hidrogénio e amónia.
O projeto enfrenta, ainda assim, algumas limitações , designadamente a falta de espaço de armazenamento e reabastecimento nos portos. Há ainda considerações de segurança, bem como a capacidade da rede local de lidar com a eletrificação de gruas e outros equipamentos portuários.
O maior desafio, além da nova infraestrutura e inovação técnica, passa por convencer os consumidores sobre o peso que as escolhas têm. A questão-chave é saber se os consumidores estão realmente dispostos a esperar e pagar mais pelos produtos que são transportados em navios cuja capacidade de carga é menor e a velocidade mais lenta.