Brasil: “Notícias nas redes sociais são falsas”, garante presidente da Casa das Beiras do Rio de Janeiro sobre fake news que “decretam” a falência da entidade.

A Casa das Beiras do Rio de Janeiro é considerada uma das mais emblemáticas entidades de promoção da cultura portuguesa no Brasil. Localizada no bairro da Tijuca, Zona Norte do Rio, mensalmente, o seu corpo diretivo organiza uma programação que conta com eventos que reúnem dezenas de visitantes e associados.

Fundada em 19 de novembro de 1953, essa casa portuguesa está hoje a enfrentar dificuldades de manutenção das suas atividades em virtude do cancelamento de concertos e almoços sociais por conta da pandemia de Covid-19, o que leva a uma forte queda das receitas. Outras instituições de raiz lusitana na cidade maravilhosa enfrentam esse mesmo problema.

Nas últimas semanas, informações divulgadas nas redes sociais sugeriram que a Casa das Beiras estaria prestes a encerrar definitivamente as suas atividades, o que ocasionaria, segundo apurámos junto a fontes luso-brasileiras, “uma perda imensa para a imagem e promoção de Portugal no Brasil”. Os responsáveis pela Casa defendem que essa afirmação “não passa de uma mentira”.

Para entender esse cenário, conversamos com José Henrique Ramos da Silva, presidente da Casa das Beiras carioca, que falou sobre a saúde financeira da entidade, ressaltou o papel dessa instituição cultural no seio da comunidade luso-brasileira e defendeu mudanças em relação à existência de inúmeras casas portuguesas no Rio de Janeiro.

A Casa das Beiras do Rio passa hoje por problemas financeiros?

A Casa das Beiras está passando por dificuldades financeiras sim, devido à pandemia.

Como a pandemia impactou o dia a dia da Casa?

O impacto da pandemia afetou o nosso Clube devido ao cancelamento dos eventos sociais, que são a nossa maior fonte de receita. Os alugueres das salas da academia de dança também  foram suspensos.

Quantas pessoas frequentavam a Casa antes da pandemia por mês?

Tínhamos uma média de pessoas frequentes na Casa de 150 a 250 por evento antes da pandemia.

Quantos eventos a Casa promovia por mês, sendo de raiz portuguesa ou não?

Realizávamos dois eventos de origem portuguesa por mês e mais três eventos diversos. Hoje, só o almoço do bacalhau a cada quarta-feira, a cada 15 dias. Atualmente, temos apenas a cada 15 dias no almoço do bacalhau 20 pessoas.

Quanto era a receita mensal da Casa?

O facturamento mensal era de 30 a 40 mil reais mensais, cerca de 4.500 e 6 mil euros. Hoje, apenas 5 mil reais, cerca de 750 euros.

Nas redes sociais surgiram informações sobre uma possível falência da Casa das Beiras, ou seja, que a entidade encerraria atividades até o final deste ano. É verdade?

Notícias nas redes sociais são falsas.

Como anda a saúde financeira da Casa?

A saúde financeira não é boa, as reservas foram todas usadas para manter a Casa.

Que projetos têm para o futuro?

Sobre o futuro, só para 2021, pois, este ano, não temos previsão de grandes eventos. Temos de nos reinventar.

Como vê a situação das Casas portuguesas no Rio de Janeiro?

Tenho acompanhado a situação das outras Casas através das reuniões de presidentes. A grande maioria das instituições está com grandes dificuldades de se manterem.

Há alguns dias, houve uma reunião com as casas portuguesas no Rio. Falou-se na união dessas entidades numa só. Essa solução lhe agrada?

Durante a última reunião de presidentes, fui a favor de uma fusão em massa, uma única grande instituição. Estamos abertos a isso sim.

Que eventos está a Casa a realizar hoje?

Atualmente, estamos realizando o tradicional bacalhau, às quartas.

Qual é a importância da Casa das Beiras para a comunidade portuguesa no Rio?

A Casa das Beiras sempre foi uma Casa na comunidade de divulgação de cultura e arte, devido às suas parcerias com a Academia de Letras e Artes Paranapuã (ALAP), entre outras. É a única Casa fora do Continente inaugurada por um Presidente da República. Fazemos comemorações do 21 de abril. Etc.

Ígor Lopes

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