Comunidade Fula no Mali pretende criar milícia de autodefesa

A comunidade Fula do Mali pretende reorganizar-se para fazer face às ameaças terroristas crescentes, instabilidade política e vulnerabilidades da segurança.
Filho de Boureima EmirBoni, chefe comunitário que morreu em 2016, destacado político fula e presidente do Andal Pulaaku Mali (Associação para a promoção da paz e iniciativas de desenvolvimento no Sahel), Amadou Nasrou Dicko falou sobre a necessidade de reorganização da comunidade fula e estruturação a sua defesa.
“A situação é muito séria, a comunidade Fula é a primeira vítima do que se passa no Mali, desde a crise de 2012 até hoje. Por um lado os Fulas são associados aos jihadistas, por outro os jihadistas acusam a comunidade de estar a favor do governo. Os jihadistas eliminam os líderes comunitários, chefes tradicionais, os líderes religiosos, os eleitos locais…. E as forças de defesa prendem arbitrariamente, raptam, estão na origem de desaparecimentos, violações”, explicou Amadou Nasrou Dicko.
Segundo Amadou Nasrou Dicko, que conhece profundamente a questão da segurança no norte do Mali, “é necessário que o Estado, e os seus parceiros, assumam tratar todos os malianos de igual para igual, garantindo a segurança das pessoas e dos seus bens”.
“A comunidade Fula vai organizar-se para se defender e salvaguardar as suas mulheres e as suas crianças da ira dos terroristas e dos militares mal formados e mal equipados”, garantiu Amadou Nasrou Dicko, que insiste que a criação de um movimento de defesa dos interesses Fula é “uma opção séria, e apenas uma questão de tempo, para o seu nascimento formal”.
“O princípio de criar movimentos no centro do Mali está em curso e brevemente irá acontecer, caso o governo não atue. Por agora alguns líderes iniciaram negociações com seus parceiros sobre a melhor forma de organizar a defesa. Existe um número interessante de combatentes fulas, fieis e que conhecem bem o manuseamento dos equipamentos de combate, para além disso conhecem o terreno como ninguém”, explicou Amadou Nasrou Dicko.
“O Estado praticamente não controla nada no centro do Mali, e particularmente a região de Mopti, deixando as populações à sua própria sorte… a situação é muito grave” disse Amadou Nasrou Dicko.
RN/KR