No dia 22 de Setembro, o parlamento venezuelano aprovou a nomeação de Carlos Millán Vielma, como embaixador e chefe da missão diplomática do país no Chile. Ao e-global, o jovem embaixador de 27 anos garantiu que o principal objectivo de todos os venezuelanos é conseguir que haja eleições livres. Encontra-se esperançoso que a situação na Venezuela possa mudar num futuro próximo, pois mesmo no exílio, garante, os venezuelanos continuam a ter voz e pede a participação de todos os venezuelanos no referendo popular que exige a cessação da presidência de Nicólas Maduro.
Qual o retrato que pode ser feito da Venezuela, na atualidade em vésperas de eleições?
A Venezuela, neste momento, vive imersa numa crise humanitária que tem causado um grande sofrimento à população, com altos níveis de pobreza, insegurança, instabilidade alimentar, uma profunda crise de serviços públicos com “apagões” diários, falta de água potável… e, por outro lado, o país está sob alçada de um regime autoritário, onde existe uma constante perseguição e acosso a políticos, jornalistas, ativistas, defensores dos direitos humanos…
E atendendo ao clima de pandemia que se vive hoje?
A crise hospitalar na Venezuela é anterior ao coronavírus, a isso junta-se uma escassez enorme de medicamentos, falta de equipamento de proteção para médicos e enfermeiros, crise alimentar e casos graves de desnutrição infantil…
Depois de 20 anos de regime chavista, acha que a população se encontra pronta para mudar?
Eu falo por mim, que também sou jovem, tenho 27 anos, e costumo dizer que nós somos os filhos da crise, mas seremos os pais da liberdade. A juventude venezuelana nunca parou, tem saído sempre para protestar nas ruas e mantém-se na vanguarda da luta contra o regime de Nicólas Maduro.
Como é que Juan Guaidó, reconhecido como Presidente interino em mais de 60 países, mas ainda em exílio, se prepara para os próximos desafios.
Neste momento, o primeiro passo começa já no dia 07 de dezembro e estende-se até dia 12, através de um referendo popular que será feito aos venezuelanos de todo o mundo com o objectivo de exigir a cessação da usurpação da Presidência por Nicolás Maduro e conseguir, por fim, convocar eleições presidenciais e parlamentares livres. Esse será sempre o nosso objectivo principaI!
O caminho é duro, difícil, mas não é impossível e os países não acabam, as ditaduras, sim. Este movimento irá ser muito especial, porque vai ser mundial.
O Chile tem sido nos últimos anos um dos países que acolhe mais migrantes venezuelanos, mas agora também vive momentos conturbados a nível económico e social, como fica a situação dos migrantes?
A crise económica provocada pelo coronavírus afeta imenso os migrantes em todo o mundo e o Chile não é exceção. Tem sido difícil enfrentar esta situação pandémica, ainda mais sendo migrante, mas estou seguro quando digo que assim que houver uma mudança política e mais democracia, milhares de venezuelanos vão querer voltar ao seu país, as pessoas saem por necessidade, mas têm o desejo de voltar.
O regime de Nicólas Maduro ainda conta com apoios importantes?
O regime do Nicólas Maduro tem sido financiado através do narcotráfico, do apoio de outros regimes não democráticos, como a China, Rússia ou Cuba, através do apoio de dissidentes das FARC e por grupos armados que espalham o medo.