Em declarações aos jornalistas, o Comité Olímpico internacional-COI, sustentou que “o adiamento era inevitável e as novas datas foram escolhidas de forma a causar o menor impacto possível aos atletas”.
No entanto, para os milhares de desportistas do mundo, representantes das 46 modalidades que farão parte dos jogos, será o adiar de um sonho, terão que voltar à rotina intensa dos treinos, às provas e prepararem-se o melhor possível durante mais um ano, num cenário repleto de incertezas.
Para Fu Yu, carismática mesa-tenista portuguesa, o mais estranho de tudo isto foi ficar quase seis meses sem treinar. Mas agora que voltou aos treinos, já se sente bem melhor. A viver na Madeira, refere que o maior problema passa por encontrar gente que pratique ténis de mesa. Vai-lhe valendo o apoio do marido, com quem pratica diariamente e a ascensão da filha, que com 8 anos, já segue as “raquetes” da mãe.
Foi em 2014 que Portugal parou e se rendeu à velocidade frenética do ténis de mesa, quando a equipa masculina nacional dos mesa-tenistas alcançou a vitória nos campeonatos da europa que tiveram lugar em Lisboa. Já em 2019, a seleção portuguesa feminina de ténis de mesa alcançou a final do europeu por equipas, em Nantes, tornando-se vice-campeã. Estava escrito mais um capítulo na história recente dourada do ténis de mesa português.
Fu Yu tem sido uma das catalisadoras deste sucesso ímpar e recente da modalidade. A residir na Madeira, desde 2001, natural de Hebei, na China, começou interessar-se pela modalidade aos 7 anos e já lá vão 33 anos sempre de raquete na mão. “Na China toda a gente joga ténis de mesa, começa-se com 4, 5 anos, é como em Portugal com o futebol”, refere.
Foi em agosto de 2013 que se naturalizou portuguesa e em 2015 representou Portugal pela primeira vez nos campeonatos europeus realizados em Scwechat, na Áustria, onde arrecadou uma medalha. 4 anos volvidos, na segunda edição dos Jogos Europeus de 2019 (Minsk, Bielorrússia) Fu Yu obtém a medalha de ouro e, mais uma vez, faz história na competição.
Um currículo imaculado que vem sido aprimorado ao longo dos tempos, tanto em Portugal como na China, mas a diferença entre os dois países, argumenta Fu Yu, é estrondosa. “Em Portugal faltam treinadores, infra estruturas e praticantes, quando comecei a jogar aqui [em Portugal], em 2013, havia muitas raparigas a praticarem e a interessarem-se por este desporto, agora está muito pior”, admite a mesa-tenista. Para colmatar a falta de adversários, vai-lhe valendo a companhia do marido, também ele atleta.
Nestes tempos estranhos que se vivem, Fu Yu confessa que o pior foi ter ficado tanto tempo parada. “Quase seis meses sem treinar… foi muito tempo, agora que os treinos recomeçaram penso que voltaremos à normalidade”. Sem perder o foco, deseja alcançar o melhor resultado possível nos próximos Jogos e melhorar o 33.º lugar obtido no Rio2016. Já em relação aos próximos campeonatos da europa, não têm dúvidas em afirmar que “persegue o ouro”.
Por Ana Gonçalves