O ministro angolano e diretor do gabinete do Presidente da República, Edeltrudes Costa, colocou nesta quinta-feira, 24 de setembro, o cargo à disposição. É esperada agora a decisão do chefe de Estado, João Lourenço, sobre se aceita ou não o pedido de demissão.
Tal acontece após terem vindo a público denúncias de alegados escândalos de corrupção e tráfico de influência de Edeltrudes Costa enquanto servidor público. Aos seus familiares o governante disse estar a ser alvo de uma campanha difamatória que atribuiu a grupos ligados à família do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos, tendo destacado Maria Luísa Abrantes, antiga companheira de José Eduardo dos Santos, como sua principal adversária.
Entre os alegados escândalos consta uma empresa de consultoria do visado, a EMFC – Consulting, S.A, que terá sido contratada para modernização dos aeroportos cujo contrato, cedido inicialmente para a Roland Berger, foi alegadamente assinado por João Lourenço em fevereiro de 2019.
Segundo fontes próximas do Palácio Presidencial, há muito que João Lourenço tem recebido relatos desfavoráveis contra o seu principal colaborador, entre os quais uma denúncia divulgada pelo Serviço de Inteligência Externa a partir de Bruxelas, relacionada com esquemas dos diamantes. O Presidente terá mostrado reservas nas informações, provocando retração.
Apesar dos relatos desfavoráveis, Edeltrudes Costa estimado por João Lourenço, com quem partilhará uma amizade de mais de 15 anos. O casal presidencial é padrinho de uma filha que Edeltrudes tem com uma sobrinha da primeira dama Ana Dias Lourenço.
UNITA quer investigação a Edeltrudes Costa
O maior partido da oposição em Angola já veio pedir que fosse feita uma investigação a Edeltrudes Costa.
“Devemos fazer pressão e exigir que haja responsabilização criminal do diretor do gabinete do senhor Presidente da República”, defendeu o deputado da UNITA Nelito Ekuikui.
Para o parlamentar, a luta contra a corrupção por parte de João Lourenço pode sair “beliscada” com o caso que envolve Edeltrudes Costa. “O senhor Presidente da República nunca esteve comprometido com o combate ao nepotismo, à fuga de capitais de Angola e ao saque do erário público. Não sai apenas abalado Edeltrudes Costa, como abala toda uma estrutura do senhor Presidente da República”, observou.
“Em circunstâncias normais, depois da denúncia feita, nós tínhamos que ter um despacho de exoneração e encaminhar o senhor para as instâncias de Justiça”, concluiu.