Angola: Isabel dos Santos diz que “acerto de contas” serve para camuflar fracasso da política económica

A empresária angolana Isabel dos Santos, filha do ex-Presidente da República José Eduardo dos Santos, escreveu no Twitter que, “numa altura em que é vital a economia angolana atrair investimento externo, esta ordem de confisco” dos seus bens “politicamente motivada é um mau sinal para o sector privado”.

A afirmação foi feita em várias publicações nesta quarta-feira, 01 de janeiro, através da referida rede social, onde se pode ler que o arresto das suas contas e participações em Angola é mencionado como uma medida politicamente motivada e “um acerto de contas” que serve para camuflar o fracasso da política económica após a saída do pai da presidência do país, agora governado por João Lourenço.

De acordo com a empresária, “é falsa e forjada a informação” sobre ter ordenado a transferência de uma conta do general Leopoldino do Nascimento junto do Millennium BCP para uma conta na Rússia e que, segundo o Estado, tal terá sido impedido por uma intervenção da Polícia Judiciária portuguesa.

Nas publicações que se seguiram, sublinhou que a “decisão sumária” contém várias “inverdades” e que as mesmas teriam sido esclarecidas caso tivesse havido a oportunidade de um procedimento jurídico justo e aberto. A ausência deste procedimento, ajuntou, permitiu à Procuradoria Geral da República “apresentar documentos e testemunhos falsos ao tribunal”.

Isabel dos Santos disse ainda lamentar que o julgamento tenha sido realizado em segredo, sem os advogados e diretores das suas empresas terem sido informados, e alegou que “a medida política” viola a lei, sendo a primeira vez desde o fim da guerra civil em 2002 que tal acontece “de forma tão assumida com recurso a mentiras”.

“Tudo isto não aponta a um futuro positivo para o estado de direito em Angola. Ignorar os direitos à defesa, que são a base fundamental de qualquer sistema de justiça credível, ilustra o ressurgimento da arbitrariedade em Angola”, criticou.

“Além do desejo de acertar contra a minha família, este caso visa mascarar o fracasso da política económica iniciada após a saída do Presidente dos Santos”, concluiu.

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