O presidente da UNITA esteve presente na abertura do IV Congresso Ordinário da JURA, que teve início esta quinta-feira, 08 de novembro. Isaías Samakuva aproveitou a ocasião para falar sobre a “Operação Resgate”, que está a ser efetuada em todo o país e que tem como principal objetivo a reposição da autoridade do Estado angolano.
Para Samakuva, a operação conduzida pela Polícia Nacional e lançada para normalizar a sociedade “parece ser um simples processo administrativo” que as autarquias locais poderiam fazer caso estivessem instituídas. Citado pelo “Novo Jornal”, o político descreveu a iniciativa como “simples trabalho de bombeiros, correndo atrás do prejuízo, porque construíram um modelo de governação excessivamente centralizado e uma teia de cumplicidades e dependências que alimentava o desgoverno, a desordem e a confusão, ambiente propício para os pescadores de águas turvas actuarem”.
O líder da UNITA também não poupou críticas ao MPLA, que demonstrou publicamente o seu apoio à “Operação Resgate”. Samakuva declarou que o partido rival, no Governo desde 1975, é um “partido Estado” que tem “promovido, sustentado e tolerado a imigração ilegal”. “Foi o Governo do MPLA que emitiu bilhetes de identidade e cartões de eleitores aos estrangeiros para votarem fraudulentamente para manter a oligarquia”, acusou o político, tendo acrescentado que o Governo sustentou igualmente a proliferação dos “negócios da fé”, o que levou ao surgimento de milhares de seitas religiosas ilegais.
O representante da UNITA declarou ainda que o MPLA preferiu “concentrar tudo em Luanda e não descentralizar o poder e a riqueza para as autarquias locais, promoveu e sustentou os fluxos migratórios incontrolados para a capital e tornou Luanda ingovernável”.
Para Samakuva, “o País reclama uma mudança profunda nas estruturas do poder, no paradigma da governação, no sistema de valores, nos sistemas de produção e na estrutura da economia política”. “Hoje temos como legado um Estado capturado, uma sociedade descaracterizada da sua identidade nacional e uma dívida pública insustentável, que poucos conhecem mas que todos terão que pagar, mais de 70 mil milhões de dólares”, lamentou.
“Alguns admitem que o Presidente João Lourenço iniciou já a terceira revolução. Outros dizem que ainda é muito cedo para afirmar isso. Muitos frustrados esperavam que o PR [Presidente da República] salvasse Angola e não apenas o seu partido, o MPLA”, referiu, tendo partilhado a opinião de que “Angola precisa mesmo de uma revolução no sentido positivo, para transformar pacificamente mas radicalmente o seu sistema de educação e ensino, o sistema de saúde e os sistemas de produção”.
No que respeita à JURA, o presidente da UNITA quer que a organização juvenil se envolva na conceção dos planos de ação para a concretização das mudanças que o país precisa. “Queremos ver a JURA a construir pontes para unir os angolanos de forma a colocarem-se acima dos interesses partidários, em benefício dos interesses nacionais”, explicou, salientando que quer ver o partido juvenil a trabalhar ativamente no desenvolvimento da consciência cívica, social e comunitária dos cidadãos.