Investigadores norte-americanos alertaram publicamente que o MPLA, partido no poder em Angola desde 1975, data da independência do país, está a realizar novamente um “conjunto de manobras” para “maximizar o seu controlo sobre as estruturas estatais”, cita o “DW”. Isto acontece nas vésperas das eleições presidenciais, previstas para este ano.
São estas as conclusões de investigadores do Centro Africano de Estudos Estratégicos, nos Estados Unidos da América, que podem ser lidas num relatório publicado na quarta-feira, 12 de janeiro.
“O Movimento Popular para a Libertação de Angola (MPLA), no poder, tem mantido um controlo contínuo sobre a política angolana desde 1975 e parece ter a intenção de garantir que este continua a ser o caso após as eleições” legislativas e presidenciais de 2022, pode ler-se no texto escrito por Joseph Siegle e Candace Cook.
“O MPLA prossegue sistematicamente este objetivo através de uma série de manobras, maximizando o seu controlo sobre as estruturas estatais”, acrescentam.
Foi também mencionada a maneira como a organização política usou “a sua profunda influência sobre os tribunais” para condicionar as candidaturas dos seus principais rivais, que são a UNITA, de Adalberto da Costa Júnior, e o PRA-JÁ Servir Angola, de Abel Chivukuvuku. Tal terá sido feito através da criação de “obstáculos burocráticos” a uma “oposição, que prometeu formar uma coligação unificada nas eleições de 2022, a Frente Patriótica Unida”.
ONGs partilham a mesma opinião
Também algumas organizações não governamentais (ONGs) partilham da mesma opinião que os investigadores norte-americanos, ao acusarem o MPLA de criar “situação de violência” para justificar repressão contra promotores de greve.
Segundo o “Club-K”, entre essas ONGs encontram-se a Associação Justiça, Paz e Democracia (AJPD), a Associação Construindo Comunidades (ACC), a Associação Ame Naame Omunu (ANO) e a OMUNGA. Todas têm acompanhado os vários acontecimentos que têm sido registados por quase todo o país, sendo um deles a recente greve dos taxistas, onde houve violência na província de Luanda.
As ONGs mencionadas declararam que condenam todo o tipo de práticas ilegais, sejam elas da autoria de pessoas de direito privado ou de autoridades públicas. Reprovam igualmente a destruição de bens públicos e privados, a parcialidade e a manipulação dos factos pelos órgãos de comunicação social públicos e a omissão do dever de proteção de bens e pessoas pela Polícia Nacional, por serem todas elas práticas contrárias à lei.
Neste âmbito, condenam a contextualização e o tratamento dos factos difundidos pelos órgãos de comunicação social públicos, recorrentes das velhas práticas de classificar todas as manifestações pacíficas contra o governo como sendo actos de pura rebelião contra os poderes instituídos, numa inversão dos valores de uma verdadeira Democracia.