A Polícia Nacional de Angola (PNA), tal como seria previsível, está a dispersar os manifestantes com gás lacrimogénio e à bastonada, havendo inclusive relatos não confirmados de alguns tiros para impedir que a multidão se junte em peso, perto do perímetro de segurança montado e onde se desenrolam as celebrações oficiais, e será inaugurado mais um hotel de luxo em Luanda.
Nesta altura, haverá a lamentar a morte de um manifestante, vários feridos e alguns detidos pela polícia que aplica os devidos corretivos nas esquadras, longe dos olhares da comunicação social e dos cidadãos, mas denunciados através das redes sociais, aos olhos do mundo, dos que querem ver o que se está a passar em Angola. O balanço é provisório, mas não admiraria que as vítimas da arbitrariedade policial viesse a aumentar.
Um dos conhecidos Revus, Luaty Beirão, foi interpelado pela PNA e acusa os agentes de terem roubado uma das camaras com que estava a filmar, usando agora o seu telemóvel, arriscando-se a ficar sem ele também. Mas, tudo isto, afirma ele, por uma justa causa, mostrar aos angolanos e ao mundo que as novas gerações exigem uma nova ordem no seu país que dê oportunidades a todos os angolanos e não só a alguns.
A manifestação de hoje, previsível na sua dimensão, só espantará os mais desatentos e desconectados da realidade em Angola. O facto de não ter sido autorizada, a adesão que teve e os efeitos que está a provocar na cidade, num dia que é importante para cada angolano, dado que comemoram a sua Dipanda, tem o mérito, caso as televisões publicas e privadas façam uma cobertura séria responsável, de ter ofuscado o regime que para este dia, em vez de comemorar com o povo blindou-se em si mesmo e age contra o povo que agora consciente da vacuidade das promessas do “novo” regime.
Nesta altura, os manifestantes conseguiram pela primeira vez causar um grande impacto, mesmo não tendo conseguido atingir os seus objetivos de manifestação.