A consultora EXX Africa alertou esta segunda-feira, 28 de janeiro, que Angola pode correr o risco de ver a reputação manchada pelo facto do Ministério da Defesa angolano ter feito um negócio de 495 milhões de euros com as empresas envolvidas nas dívidas ocultas em Moçambique, o que ocorreu na altura em que o atual Presidente, João Lourenço, era ministro da Defesa.
“Há indicações cada vez maiores de envolvimento de líderes políticos angolanos no escândalo moçambicano que ainda não foram totalmente divulgadas”, divulgou a referida consultora através de um “Relatório Especial” relacionado com a ligação existente entre a empresa Privinvest e o Governo de Angola.
De acordo com a EXX Africa, o ministério “chegou a fazer um contrato de 495 milhões de euros para comprar barcos e capacidade de construção marítima à Privinvest, num contrato com aparentemente notáveis semelhanças com a ProIndicus e MAM (em termos de palavreado e conteúdo)”, sendo estas as três empresas que protagonizam o escândalo do caso “dívidas ocultas” em Moçambique.
“Estas ligações e os negócios feitos arriscam-se a minar o ímpeto muito popular e mediático contra a corrupção, e podem também embaraçar os principais líderes políticos angolanos, e colocam riscos reputacionais para os investidores em Angola”, pode ler-se ainda no documento, que foi enviado aos clientes desta consultora.
Em causa estão dois contratos que a consultoria diz terem sido assinados pelo Ministério da Defesa de Angola com a Privinvest e a ProIndicus, as duas empresas que negociaram empréstimos de mais de mil milhões de dólares à margem das contas públicas em Moçambique. “A conclusão mais significativa é que a Simportex – uma empresa do Ministério da Defesa de Angola, e que entrou numa parceria com a Privinvest – assinou dois contratos significativos, no total de 122 milhões de euros, em 2015, com a Finmeccanica, agora chamada Leonardo S.p.A) para aquisições que a Privinvest poderia ter feito ela própria”, divulga.
Através da citação de uma fonte “próxima da ProIndicus”, a EXX Africa referiu que João Lourenço, enquanto ministro da Defesa, visitou o projeto de Moçambique “enquanto parte de um esforço da Privinvest, liderada por Boustani, para lhe vender um pacote similar” ao que tinha apresentado a Moçambique.