A secretária de Estado para as Finanças e Tesouro de Angola, Vera Daves, admitiu esta terça-feira, 29 de janeiro, que o país poderá vir a enfrentar tensões sociais devido às medidas de austeridade previstas pelo Governo angolano, entre elas a eliminação dos subsídios públicos em áreas como a água, eletricidade, combustíveis e transportes.
“Provavelmente vamos enfrentar tensões, mas ao fim de dois anos vamos ver os benefícios”, disse após uma palestra decorrida no Instituto Real de Relações Internacionais Chatham House, em Londres. O objetivo destas medidas é cortar na despesa para reduzir o défice e equilibrar as contas públicas.
A representante do Governo alertou que, dentro de um ano, os cidadãos “provavelmente não estarão felizes, provavelmente porque vai mudar a forma como vivemos e vai ser um grande desafio”, e mencionou o facto de a falta de cultura do pagamento dos serviços ser comum no país. “Devemos ser mais exigentes na forma como empresas são geridas, mas também temos de pagar pelos serviços”, reforçou.
Apesar de estas medidas constarem no plano de ajuda financeira negociado com o Fundo Monetário Internacional (FMI) em dezembro, a secretária de Estado informou que as mesmas já faziam parte dos planos de desenvolvimento nacional e macroeconómico do Governo.
Para Daves, é importante “proteger o setor social, como a educação, saúde”, bem como alterar o modelo de assistência social, passando de subsídios indiretos a diretos, para que pessoas com necessidades específicas possam ser ajudadas. “A principal preocupação deve ser o impacto destas medidas na população e encontrar formas de mitigar este impacto”, sublinhou.