O Serviço de Investigação Criminal (SIC) está a ser acusado de ter raptado Luter Campos da Silva “King” na passada quinta-feira, 16 de setembro. Trata-se de um ativista muito conhecido por fazer vídeos de apelo à democracia e a eleições transparentes em Angola.
A esposa do ativista disse em entrevista que Luter da Silva foi levado por homens mascarados, que o espancaram. “Eu quando saiu fora, encontrei homens grandes totalmente mascarados que o espancaram no gradeamento da cantina. Eu fui lá perguntar o que se estava a passar e eles disseram que isso não tem nada a ver contigo e que deveria sair daqui”, partilhou.
O político Manuel Nelito Ekuike, deputado à Assembleia Nacional, está a acompanhar o caso e divulgou, entretanto, uma nota onde afirma que “o SIC capturou o jovem Luther King, na sua residência em Viana”. Ainda de acordo com a mesma fonte, a operação contou com o recurso a “duas viaturas e vários agentes dos serviços”.
“Luther Silva Campos, segundo depoimento da esposa, o Luther estava numa cantina de frente a sua residência foi agarrado e esforçado a subir numa viatura de marca I10 LD 93 55 KB de cor branca e a outra viatura Land Cruiser de cor castanha vidros fumados portava os agentes do SIC um dele vestido o colete do SIC, foi espancado com a pistola na coluna”, pode ler-se no documento.
“Falei com ele por volta das 15H00, disse-me que era um engano, volvidas duas horas o jovem continua em parte incerta e com o telefone desligado. O jovem continua preso sem culpa formada, a polícia devolveu os pertences dele a família e reteve o telefone”, acrescentou Ekuike.
Também Hitler Samussuko, amigo do ativista raptado, falou publicamente sobre o sucedido. “Luther Campos da Silva é um jovem trabalhador, ativista comprometido com a luta por uma Angola melhor, foi vítima de um rapto por parte dos agentes de SIC por causa da sua dedicação e empenho em protestos cívicos. Luther encontra-se privado de liberdade desde o dia 16 de Setembro no Comando Provincial de Luanda”, denunciou.
Autoridades têm histórico de raptos
Recorde-se que as Forças de Defesa e Segurança Pública têm histórico de violência e actos de raptos.
Um dos casos ocorreu em 2012, altura em que raptaram em Luanda dois ativistas, Alves Kamulingue e Isaias Cassule. Ambos foram barbaramente executados.
Nessa ocasião, a Polícia Nacional negou o assassinato dos dois cidadãos. No entanto, o “Club-K”, uma publicação angolana, vazou dados de um relatório onde foi detalhada a maneira como as vítimas perderam a vida.