A UNITA considera o Despacho Presidencial do Governo angolano que autoriza a compra de duzentas residências como um escândalo financeiro, custando todas essas habitações milionárias em Calumbo cerca de 22 milhões de euros.
Para Raul Danda, se tal compra se concretizar, o Presidente da República de Angola, João Lourenço, mostrará que brinda a sociedade com escândalos derivados da corrupção que diz estar a combater no país, oriunda da má-gestão financeira, do compadrio, do peculato e do tráfico de influências.
Segundo o representante do maior partido da oposição, as casas em questão são de baixa renda, com um alegado valor real de mercado de apenas oito milhões de kwanzas (12.661 euros) cada.
Entretanto, fontes disseram que a Assessoria Presidencial aconselhou o chefe de Estado a abortar o negócio das 200 casas. Se tal acontecer, o governante poderá, nos próximos dias, revogar o Despacho Presidencial n.º 65/20 , publicado em Diário da República Iª Série n.º 60 de 4 de maio de 2020, que autoriza a compra de um complexo habitacional na comuna de Calumbo, no município de Viana, com o objetivo de ser transformado em centro de tratamento de epidemias e pandemia.
Uma das fontes mencionou uma suposta tentativa de sobrefaturação no negócio e que pessoas com ligações ao Palácio Presidencial estarão, alegadamente, na causa da revogação.
As casas em questão são precárias e abandonadas há quase dez anos na referida comuna afeta ao município de Viana, considerando a opinião pública que a despesa é supérflua numa altura em que o país enfrenta uma crise sem precedentes.
Recorde-se que esta não é a primeira vez que João Lourenço sofre críticas sobre imóveis. A sociedade civil criticou, no ano passado, o titular do poder Executivo quando este pretendia construir o Bairro dos Ministérios. O Governo foi acusado na altura de não saber estabelecer prioridades.