A União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) criticou o Governo angolano por gastar 17,5 milhões de dólares por ano com os 244 médicos cubanos que chegaram ao país a 10 de abril, no âmbito do combate à Covid-19.
“Diz-se que cada médico cubano está a ganhar entre seis a oito mil dólares [entre cinco a sete mil euros] por mês. Onde está a valorização do angolano, quando o médico cubano vem receber estes salários que não ganha em Cuba, nem no melhor dos seus sonhos”, questionou o primeiro-ministro Sombra da UNITA, Raul Danda, durante uma conferência de imprensa.
O representante do maior partido da oposição no país lamentou o facto de o médico-chefe de serviço angolano, categoria máxima na carreira do Ministério da Saúde, receber cerca de 405 mil kwanzas (640 euros) e o médico assistente graduado auferir 395 mil kwanzas (625 euros).
Sobre a atual situação nos hospitais durante a pandemia do novo coronavírus, o Governo Sombra da UNITA considera que este surto “não devia fazer com que os hospitais tivessem os seus serviços condicionados, porquanto o Executivo deveria construir hospitais de campanha e criar alas nos hospitais existentes para o tratamento de pacientes da Covid-19”.
A formação política referiu ainda que verificava, com “bastante apreensão e tristeza, que a Covid-19, por um lado, e a malária, bem como outras doenças respiratórias agudas, as diarreicas e outras, por outro lado, são encaradas de forma diferente”.
Danda criticou assim o facto de a Covid-19 ter passado a ser a “preocupação central”, deixando a malária e restantes doenças para terceiro plano, “por serem as doenças que apenas atingem e matam os pobres”.
Como tal, concluiu que “a Covid-19 veio desvendar que afinal os programas que o Executivo vinha anunciando como sendo o PIIM [Plano Integrado de Intervenção nos Municípios], a ‘Água Para Todos’, o ‘Combate à Pobreza’, entre outros, não passam da propaganda política a que o regime sempre nos habituou”.