António Venâncio, militante do MPLA, denunciou a existência de uma lista feita pelo partido no poder que “ameaça” figuras que não votaram na organização política nas eleições de 24 de agosto.
De acordo com uma publicação que fez na rede social Facebook nesta segunda-feira, 26 de setembro, tomou conhecimento dessa lista com nomes de militantes, jornalistas e cidadãos notáveis da sociedade que não votaram no MPLA. Venâncio escreveu ainda que a lista foi elaborada por um funcionário com elevadas responsabilidades no país.
Sob a alegação de não terem votado no MPLA, prosseguiu, é proposta a tomada de medidas contra os visados. O político subentende dessa forma a retaliação com o abate físico, o isolamento ou a perseguição.
“O MPLA registou, na sua longa e gloriosa história, um único caso de perseguição e eliminação de militantes de opinião contrária. O fenómeno é hoje conhecido como ‘27 de maio’, aliás, corajosamente já reconhecido pela direção na voz pessoal do Presidente do partido João Lourenço”, escreveu ainda.
“O MPLA, portanto, tem como registo sangrento e sinistro apenas o 27 de maio de 1977. Nunca mais tal fenômeno ocorreu. A tentativa de reedição de mais um caso 27, levaria à total desagregação do nosso partido e o afastamento de muitos bons militantes”, acrescentou, lembrando que os estatutos da organização conferem aos membros liberdade alargada para se exprimirem e para exercerem o direito de voto “com toda a liberdade de consciência”.
António Venâncio deixou ainda um aviso: “Ao autor daquela listagem -, sei que disfarçado num fictício nome e apelido -, recomendo reler o segundo parágrafo da brilhante Alocução de Agostinho Neto na Primeira Conferência Nacional do MPLA em Leopoldville, 1962, onde enfatiza o amor ao país em primazia, e que pare de armar-se em mais ‘empelá’ que os outros”.