O ativista angolano Nelson Adelino Dambo, conhecido por ‘Gangsta’ , disse hoje que “teme pela vida” e recusa cumprir o termo de identidade e residência, medida de coação que lhe foi imposta pela justiça e prefere acampar em parte incerta.
“Eu não saí do país, eu estou em Angola, eles têm o SME (Serviço de Migração e Estrangeiros) para confirmarem se saí ou não do país. Eu montei uma estrutura de uma ação cívica campal, estou acampando, não vou assinar o termo de identidade e residência, porque, [ao aceitar] essas medidas de coação, estaria a ser cúmplice com a ditadura”, disse hoje o ativista à Lusa.
As medidas de coação, que segundo o ativista resultam das críticas que faz ao poder e ao Presidente angolano, determinam apresentações periódicas nas autoridades, não se ausentar do país e nem de Luanda sem a autorização da PGR, não mudar de residência e nem se ausentar dela por mais de cinco dias sem comunicar, medidas de coação que se recusa a cumprir.
“Eu vivo sob um termo de identidade e residência, mas porquê? Porque eu falo. Foram-me imputados cinco crimes, nomeadamente associação criminosa, instigação à rebelião, instigação à desobediência civil, ultraje ao Presidente da República, mas porquê? Porque eu falo? Não, eu não concordo, já não assino mais nenhum documento de presença periódica no SIC”, afirmou.
O ativista, que diz temer pela vida e atribui responsabilidades ao Presidente da República, João Lourenço, salientou que irá estar fora de casa e está disponível a arcar com as consequências.
‘Gangsta’ criticou também os agentes do SIC por fazerem recurso o que classifica de “método de pressão como terrorismo psicológico”, nomeadamente junto das suas irmãs, detidas e interrogadas recentemente sobre o seu paradeiro, ambas, no entanto, já em liberdade.
O que motivou esse alarido de que estaria em fuga “foram os últimos ‘lives’ que estou a fazer”, explicou, salientando: “o SIC diz que continuo a instigar a desobediência civil e ultraje à figura do Presidente da República”.