O chefe de Estado angolano, João Lourenço, fez nesta terça-feira, 19 de outubro, as primeiras declarações sobre o regresso do seu antecessor, José Eduardo dos Santos, ao país. Segundo o governante, trata-se de algo bom para Angola e para o partido que dirige, o MPLA.
“O facto de ele (José Eduardo dos Santos) ter voltado é bom para toda a gente, não apenas para a nossa relação, mas bom para o país, bom para o partido”, expressou.
As afirmações foram divulgadas num artigo do jornal “Financial Times”, que elabora um retrato de Angola e os desafios do país nos próximos tempos. Um deles é referente às dificuldades de João Lourenço perante uma “tempestade” económica que ainda não conseguiu controlar.
Recorde-se que José Eduardo dos Santos voltou a Angola a 14 de setembro, depois de quase dois anos a morar em Espanha. No entanto, ainda não foram oficialmente divulgados os motivos que o levaram a regressar.
Sobre as eleições gerais angolanas, previstas para 2022, João Lourenço mostrou-se confiante na vitória. “Quanto à possibilidade de termos um mau resultado nas próximas eleições, penso que é muito remota”, concluiu, salientando a capacidade de resistência do MPLA, que tem um congresso marcado para dezembro deste ano, onde será eleito o novo líder da formação política.
João Lourenço deixa mensagem a Isabel dos Santos
A empresária Isabel dos Santos, filha mais velha de José Eduardo dos Santos, continua a ser um dos principais alvos da justiça angolana. Sobre a visada, João Lourenço disse ao “Financial Times” que “quem não deve, não teme”.
Apesar de o Estado angolano continuar interessado em vender partes das empresas públicas Sonangol, Endiama e TAAG, o Presidente da República rejeitou a acusação de que está a conduzir uma vingança contra Isabel dos Santos. O dirigente lembrou que o processo está a ser conduzido pelos tribunais do país e não por si.
“Ao nível partidário sempre houve o reconhecimento de que existia uma corrupção galopante. Dizia isto há anos. A diferença é que antes era só conversa e nada de ação. E hoje [luta contra corrupção] está a ser feita a todos os níveis: contra os grandes e os pequenos”, frisou.
“Comentar só sobre uma pessoa pode não ser muito justo”, mencionou, quando questionado sobre as acusações de perseguição feitas pela empresária angolana.
“Vamos colocar uma parte do capital destas grandes empresas públicas no mercado. O Estado vai continuar a ter uma participação nestas empresas”, partilhou em relação à petrolífera Sonangol, a diamantífera Endiama, e a companhia aérea TAAG.