A crescente comunidade angolana residente em Castelo Branco, região Centro de Portugal, conta agora com uma base associativa de apoio. Trata-se da Associação dos Angolanos de Castelo Branco (AACB), entidade que foi apresentada ao público durante uma cerimónia oficial no dia 27 de outubro. Uma iniciativa que decorreu neste município português e que foi acompanhada de perto por dezenas de cidadãos naturais de Angola, bem como de uma grande equipa do Consulado-Geral de Angola em Lisboa.
“Esta entidade tem como objetivo auxiliar os angolanos que residem na região, em vários segmentos, com foco nos que estão radicados em Castelo Branco”, comentou Margarett Neves, presidente da Associação dos Angolanos de Castelo Branco.
Para a embaixadora Vicência Ferreira Morais de Brito, atual cônsul-geral de Angola em Lisboa, o papel da Associação na região será fundamental.
“O nosso apoio à nova Associação é no sentido de que possa congregar os angolanos, de forma a que se ajude a nossa população imigrante em Castelo-Branco. Para que se possa ajudar na integração dos nossos imigrantes, ajudar nos problemas que possam ter a nível social e económico. A vida de imigrante não é muito fácil e se não houver no local quem ajude em termos de integração, fica muito difícil. Por outro lado, também serve para manter as pessoas unidas e para que haja solidariedade. Culturalmente, esperamos que possam desenvolver-se e sentirem-se não tão longe de casa ou como se estivessem sozinhos”, frisou esta diplomata.
Embora não haja um perfil concreto dos angolanos que residem em Castelo Branco, esta embaixadora sublinha que estão no terreno estudantes e pessoas que trabalham, há muito tempo, em vários ramos de atividade, sobretudo em fábricas. E há também uma geração mais nova e mais qualificada.
“Nós estamos a conhecer neste momento uma vaga muito grande de angolanos que estão a vir para Castelo Branco. (…) Há uma nova vaga de pessoas já mais qualificadas que estão a se fixar nesta região. (…) O movimento migratório tem muito a ver com as diferentes fases de desenvolvimento de um país. E, naturalmente, que nos outros países também sucede. Registamos que em Portugal 30% dos jovens qualificados estão à procura de outras paragens. Portanto, é um movimento que, ultimamente, se tem intensificado a nível dos países, as pessoas estão à procura de melhores condições de vida, há muita informação, as redes sociais são um veículo muito grande de informação e as pessoas vêm, talvez, por determinadas situações a nível económico e social do país”, referiu esta responsável, que sublinhou que as relações entre o seu país e Portugal “são boas” e que em pauta está “o interesse mútuo de incremento, sobretudo, no que toca à nossa comunidade para que possam de facto integrar-se melhor e que possam desenvolver-se nos diferentes ramos de atividade, isto é o mais importante”.
“A nossa mensagem é no sentido de dizer que nós, como consulado, estamos aqui para apoiar os nossos cidadãos, estamos aqui neste momento, especificamente, para interagir, conhecer, os nossos cidadãos, ajudarmos a resolver problemas documentais, conhecermos os problemas que têm e dizer que podem contar connosco para o tipo de apoio de que necessitam. Não estão sós”, atestou esta cônsul-geral.
“Nós não intervimos, a Associação é vontade legítima dos nossos cidadãos. E eles seguiram os trâmites que as autarquias exigem para a criação da mesma. Nós não intervimos porque nós só apoiamos e incentivamos a criação. Agora, a nível das autoridades locais, nós vamos interagindo, até mesmo para agradecer, por um lado, o apoio que têm dado à nossa comunidade, e, pelo outro lado, também solicitar apoio às iniciativas como esta”, reforçou Vicência Ferreira Morais de Brito sobre a criação da nova Associação.
A cerimónia em Castelo Branco contou também com a participação de parte da equipa da Associação Mais Lusofonia, que atua entre Portugal, Cabo Verde e Brasil, com o intuito de prestar apoio pontual e realizar troca de experiências neste modelo associativo voltado para as comunidades lusófonas.
“As comunidades de raiz lusófona em África necessitam do nosso apoio quando chegam a Portugal para se sentirem mais integradas e terem acesso às oportunidades locais”, referiu a empresária e escritora Sofia Lourenço, que é presidente da Associação Mais Lusofonia.
Apoio consular
Nos dias seguintes ao evento, 28 e 29 de outubro, uma grande equipa consular de Angola realizou cerca de 200 atendimentos a cidadãos nacionais angolanos em Castelo Branco. Nas instalações da Biblioteca Municipal de Castelo Branco, funcionários do consulado angolano resolveram situações documentais e realizaram atos consulares, como emissão de Bilhetes de Identidade, emissão de passaportes, inscrições consulares, procurações, registo criminal, transcrições de Assentos de Nascimento, assuntos sobre casamentos, além de esclarecimentos sobre outros temas.
Fontes confirmaram à nossa reportagem que o atendimento consular em Castelo Branco possibilitou à população proveniente de Angola tratar de assuntos consulares sem a necessidade de deslocação à capital portuguesa, que fica a mais de 220 quilómetros da região. Toda esta movimentação aconteceu sob o olhar atento da cônsul-geral Vicência Ferreira Morais de Brito e do vice-cônsul para as comunidades de Angola, Isidro Adriano.
Ígor Lopes