O Comité de Política Monetária do Banco Central (Copom) do Brasil decidiu que a taxa Selic deverá ser mantida em 13,75%. A referida taxa destaca-se por ser um delineador básico de juros da economia no país, sendo o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central do Brasil (BC) para controlo da inflação.
De acordo com Pedro Oliveira, Tesoureiro do Paraná Banco Investimentos, o Copom terá dificuldades de reduzir a taxa de juros este ano. O Banco Central tem uma meta de inflação a cumprir, que é de 3,25% em 2023 e 3% em 2024-2025, porém as expetativas inflacionarias seguem acima da meta. Tanto o Focus como os modelos do Bacen estão com expetativas inflacionarias acima da meta para os próximos dois anos; ou seja, para atingir o centro da meta, o Copom deverá manter a Selic inalterada, pelo menos até final de 2023.
Sobre o IPCA, em 2023 a inflação deve manter-se pressionada e fechar acima de 6%, impactada pela reoneração dos combustíveis e a inflação de serviços, que continua acima de 7%. O núcleo de inflação, que exclui alimentação no domicílio e preços administrados, também continua alto, acima de 7%, mostrando que a inflação está disseminada e arrefecendo lentamente.
Se o BC mantiver a Selic no patamar atual até final de 2023, “deve impactar positivamente a inflação de 2024, convergindo para a meta de 3%. Porém, se o ciclo de queda da Selic iniciar ainda este ano, a inflação de 2024 deve superar 4%”.
Diante deste cenário, o crédito para pessoas físicas e empresas “devem continuar com taxa elevada e com menos oferta no mercado, dado o aumento da inadimplência dos brasileiros”.
“O crédito consignado continua sendo a melhor opção para quem precisa de empréstimo, com uma das menores taxas de juros do mercado”, disse Oliveira.
Em relação ao câmbio, Oliveira acredita que o dólar deve ficar ao redor de R$ 5,20, cerca de 1,04 euros, no primeiro semestre, “com risco de alta, caso o cenário fiscal sofra deterioração; e risco de baixa, caso haja reformas estruturais positivas, como a tributária e o novo arcabouço fiscal”.
Para os investidores, Oliveira ressalta que a renda fixa ainda será protagonista em 2023, sendo que os papéis pós-fixados são os mais recomendados. Quanto aos investimentos de até três anos, os títulos prefixados também são uma opção interessante para capturar a queda da taxa de juros.
Ígor Lopes