No final de novembro, decorreu a cerimónia de assinatura do novo Acordo de Cooperação para Transporte de Órgãos e Tecidos entre a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR), empresas aéreas, aeroportos, Ministério da Infraestrutura (MInfra), Ministério da Saúde, Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e Força Aérea Brasileira (FAB), ambas entidades brasileiras.
Segundo informações apuradas junto da ABEAR, “em oito anos de parceria e colaboração da aviação nacional, foram transportados gratuitamente cerca de 57 mil órgãos, tecidos, itens para transplantes e equipas médicas, que contribuíram para o sucesso de um dos maiores programas de transplante de órgãos do mundo, parte do Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil”. O evento foi acompanhado pela diretora de relações institucionais da ABEAR, Jurema Monteiro.
“Através desta cooperação, que teve início em 2013 e foi renovada em 2015 e em 2017, agora foi aprimorada para ampliar o escopo e permitir a adesão de novos signatários, além de incorporar alterações que garantam mais segurança e agilidade ao transporte de órgãos, tecidos e equipas médicas para fins de transplante”, disseram os responsáveis pela ABEAR.
Dados dessa entidade mostram que, entre 2017 e 2021, mais de 108 mil transplantes de órgãos foram realizados em todo o Brasil e “muitos desses procedimentos só foram possíveis graças à facilidade e gratuidade oferecida no transporte aéreo de material tão delicado de uma região a outra do país. Apenas em 2021, o Brasil realizou cerca de 20 mil transplantes”.
O secretário nacional de Aviação Civil, Ronei Glanzmann, reforçou que a meta da cooperação é dar, cada vez mais, acesso aos meios de saúde a todos os brasileiros.
“Precisamos levar a saúde até ao interior e capitais menores, e é aí que entra a aviação, que desempenha o seu papel com assertividade e eficiência”, disse Ronei Glanzmann, que sublinhou que “ver que um órgão pode ir da floresta Amazónica para o interior de São Paulo, por exemplo, muito nos emociona”.
“Essa é mais uma das faces da infraestrutura, talvez a mais importante delas. Aqui mostramos que infraestrutura não é somente desenvolvimento, integração entre as regiões, logística. É também sustentabilidade, cidadania e agora, mais do que nunca, é saúde, é salvar vidas. Com este acordo, temos o privilégio de levar vida para aonde ainda há esperança”, afirmou o secretário-executivo do Ministério da Infraestrutura, Bruno Eustáquio.
Durante a cerimónia, que teve lugar no dia 20 de novembro, o presidente da ABEAR, Eduardo Sanovicz, foi homenageado pela criação do Programa “Asas do Bem” que desde 2014 “contribui diretamente para o transporte gratuito dos itens pelas associadas da ABEAR, além de promover a importância da doação de órgãos”.
Transplante como solução
De acordo com informações do sistema de Saúde do Brasil, este país sul-americano conta com “um dos maiores programas públicos de transplante de órgãos, tecidos e células do mundo, garantido a toda população por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), responsável pelo financiamento de cerca de 88% dos transplantes feitos no país”.
Desde 2019, cerca de 14 mil órgãos e tecidos para transplantes foram transportados via companhias aéreas e Força Aérea Brasileira. Por meio do Ministério da Saúde do Brasil, o Governo Federal realiza anualmente a Campanha Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos, para “orientar a população e incentivar a prática que salva milhões de vidas em todo o país”.
A estruturação dessa logística e as facilidades no transporte aéreo auxiliam tanto a diminuir filas de espera pelos procedimentos como a evitar perdas de órgãos sadios.
Ígor Lopes