Artistas e ativistas de meio ambiente coordenados pelo músico Caetano Veloso se encontraram no Congresso Nacional para defender, diante do presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o engavetamento ou a rejeição de projetos de lei ambientais, como a liberação de pesticidas na agricultura, de interesse da ala governista e que foram aprovados recentemente na Câmara dos Deputados.
Tratam-se do projeto de lei da flexibilização do uso de agrotóxicos, cujos opositores temem que também se torne um estímulo ao uso de tais substâncias; a medida provisória da regulação fundiária, cujo temor é de que facilite a prática de grilagem em reservas ambientais; e a nova lei de licenciamento ambiental, que aumenta a autonomia da iniciativa privada em processos cuja oposição defende que sejam realizados pelo setor público.
Paralelo a isso, uma manifestação contra os projetos citados teve início em frente ao Congresso Nacional. Os líderes do movimento se reuniram no Salão Negro junto ao senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), onde aguardavam a chegada do Presidente do Senado para pedir providências sobre a questão ambiental.
O ator e ativista ambiental Lázaro Ramos, presente no Congresso Nacional, disse que o Ato pela Terra, realizado do lado de fora do Legislativo, era necessário para dar o devido debate a projetos na pauta ambiental. O artista considera que tais propostas não passaram pela discussão necessária para sua magnitude na Câmara.
“Esse ato busca trazer visibilidade para um tema que não foi debatido o suficiente dentro da sociedade. É uma pauta que a gente precisa estar junto, dando visibilidade e trazendo informação. Para uma pauta como essa que pode definir o futuro do nosso país e do planeta, é importante a gente debater com qualidade para ver se é isso que a gente quer”, declarou, em meio à audiência no Congresso Nacional com artistas e ativistas que protestam contra a votação no Senado de projetos de lei de interesse do governo considerados nocivos ao meio ambiente.
Na presença do presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o músico Caetano Veloso manifestou suas preocupações sobre a forma com que o Congresso Nacional está tratando a pauta ambiental nos últimos anos, e destacou o impacto que esses projetos podem provocar sobre o meio ambiente no Brasil.
“O desmatamento na Amazônia saiu do controle. A violência contra indígenas e outros povos tradicionais aumentou. (…) Uma série de projetos de lei ora em pauta no Congresso Nacional podem tornar a situação ainda mais grave. Se aprovadas, podem permitir o desmatamento, [permitir] o garimpo em terras indígenas e desproteger a floresta contra a grilagem”, alertou o artista, que afirma ter sido escolhido como porta-voz do ato por ser o organizador mais velho.
Caetano também apontou para a importância da preservação do meio ambiente no próprio estado onde Pacheco foi eleito. “O simples fato de o senhor nos receber aqui é um sinal de sua própria preocupação com essa agenda (…) E nós dois temos motivos de sobra para estarmos preocupados com o meio ambiente. (…) Como mineiro, o senhor sabe bem o sofrimento humano provocado por desastres ambientais, não esqueçamos de Mariana e Brumadinho”, disse referindo-se às duas cidades que sofreram com o rompimento de barragens em áreas de mineração.
O músico também relembrou as recentes enchentes no litoral do Nordeste e em Petrópolis, alertando que “nada disso é um retrato de um futuro próximo”, mas sim uma realidade no Brasil e no mundo. Segundo sua esposa, Paula Lavigne, a escolha de recorrer a Pacheco no ato não veio por acaso: o movimento considera que falta preocupação com o meio ambiente na presidência da Câmara dos Deputados. “Infelizmente, é uma ferida que precisamos tocar”, afirmou.
Carlos Vasconcelos – Correspondente