Brasil: Confiança do empresariado do comércio em São Paulo com terceira queda consecutiva

Pelo terceiro mês consecutivo, o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) em São Paulo recuou, ao apresentar variação negativa de 1,4% (de 114 pontos, em janeiro, para 112,3 pontos, em fevereiro). Na comparação anual, a queda foi ainda maior (-3,8%). Os outros dois indicadores analisados pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), referentes à intenção de expandir os negócios e à situação dos estoques, também apresentam índices negativos: – 3,2% e – 2,4%, respetivamente.

De acordo com esta entidade, os dados apresentados são o reflexo da queda da demanda causada pelo alto endividamento dos consumidores, somado a inflação e juros elevados – cenário que reduz o poder de compras das famílias e consequentemente, limita a expansão dos negócios no curto prazo. Dentre as variáveis que integram o ICEC, a que avalia as condições atuais (ICAEC) apontou queda de 1,3%. O IEEC, que mensura as expetativas futuras, caiu 0,6%, ao passo que a variável do índice de investimento (IIEC) obteve baixa de 2,6%. Na base de comparação anual, o primeiro indicador avançou 0,9%, o segundo caiu 7,3% e o terceiro recuou 3,3%.

O Índice de Expansão do Comércio (IEC) fechou fevereiro com queda de 3,2% – de 110,9 pontos, em janeiro, para 107,3 pontos, no segundo mês do ano. Na comparação interanual, o indicador recuou 4,7%. Retrações também foram observadas nos índices que medem as expectativas para contratação de funcionários e o nível de investimento das empresas: no período, os índices negativos foram de 2,3% e 4,3%, respetivamente. Na comparação interanual, ambos os quesitos obtiveram resultados assimétricos. O primeiro apresentou queda de 9,1%, e o segundo apontou resultado positivo de 1,4%.

O Índice de Stock (IS) caiu 2,4%, passando de 114,5 pontos, em janeiro, para 111,8 pontos, em fevereiro. Em comparação a fevereiro do ano passado, o indicador recuou 7%. A proporção dos empresários que consideram a situação adequada dos seus estoques também registou recuo de 1,4% – de 57,2%, no primeiro mês do ano, para 55,7%, em fevereiro. Aqueles que relatam a situação inadequada para cima do desejado avançou 1%. Os que consideram os stocks inadequados para baixo do desejado apontou aumento de 0,3%.

Ainda, a proporção dos empresários que relatam que os stocks estão adequados seguiu maior do que os que afirmam inadequação: 55,7% contra 43,9%, respetivamente.

De acordo com a FecomercioSP, chama a atenção o crescimento da perceção dos empresários quanto à situação dos stocks “inadequados para cima”, situação que pode representar uma demanda mais fraca e afetar diretamente a performance das vendas.

“Frente às incertezas na economia, o setor empresarial precisa contar com um alto nível de planeamento financeiro. Cabe às empresas estimularem a solidez e o crescimento, seja por meio da administração do fluxo de caixa, seja pela programação das finanças, seja mediante o acompanhamento de tudo o que influencia o dia a dia do negócio. O momento é de reavaliar cenários, investir na atração de novos clientes, realizar liquidações e traçar planos de resiliência, de forma a evitar o excesso de endividamento”, reforçou a FecomercioSP.

Ígor Lopes

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