O Atlântico Sul, região em que se inserem 5 países de língua portuguesa, tem sido privilegiado pelas principais empresas da China no seu esforço de globalização e Angola e Brasil estão nos cinco primeiros lugares dos destinos do capital chinês na última década.
Num estudo intitulado: “O Mapa de Risco da China no Atlântico Sul”, o investigador Jonas Parello-Plesner recorreu à base de dados do American Enterprise Institute para estimar que o investimento chinês no Brasil tenha ascendido aos 34 mil milhões de dólares entre 2005 e 2014, de longe o nível mais elevado de todos os países da região.
Com 13,75 mil milhões de dólares, Angola surge na 5ª posição, atrás de Nigéria (28,75 mil milhões de dólares), Venezuela (22,11 mil milhões de dólares) e Argentina (14,31 mil milhões de dólares), mas à frente da África do Sul (9,55 mil milhões de dólares).
Na lista surge outro país membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, a Guiné Equatorial, com 2,3 mil milhões de dólares.
Angola, onde o número de chineses residentes foi recentemente estimado em 200 mil, é um dos países destacados no estudo, que analisa a situação política dos países privilegiados pela China nos seus investimentos e das implicações para a segurança chinesa.
Parello-Plesner afirma que o abrandamento da economia angolana devido à quebra dos preços do petróleo tornou “ainda mais importantes” para o país africano “as relações políticas com a China e o apoio financeiro vital” que tem vindo a ser disponibilizado.
A investigadora de relações sino-angolanas Lucy Corkin estimou em 14,5 mil milhões de dólares os empréstimos concedidos pela China a Angola, mas outras estimativas apontam para valores mais próximos de 20 mil milhões de dólares, em grande parte garantidos pelo petróleo.
Após as recentes quebras de exportações do Sudão, Angola solidificou-se como o maior fornecedor de petróleo à China, aponta o investigador.
Numa altura em que Angola enfrenta dificuldades para se financiar, a Linha de Crédito da China, utilizada para pagar 155 projetos públicos com 5,2 mil milhões de dólares, tem sido uma importante fonte de dinamização da economia, privilegiando o setor da energia e águas com 2,17 mil milhões de dólares para 34 projetos.
As adjudicações de muitas destas obras têm vindo a ser publicadas no jornal oficial nas últimas semanas, nomeadamente redes de abastecimento de água e na reparação de estradas, a realizar nas províncias do Bengo, Bié, Huambo, Namibe, Cuanza Norte, Cuanza Sul, Malanje e Uíge, com um custo global de 550 milhões de dólares.
Durante a última semana de Maio, o governo angolano adjudicou a empresas chinesas 30 empreitadas de obras públicas por mais de 1,6 mil milhões de dólares, incluindo a construção do novo sistema de abastecimento de água de Mucari, na província de Malanje, adjudicada à China Petroleum Pipeline Bureau por 18 milhões de dólares.