A Amazônia sofreu em fevereiro o maior desmatamento (62%), desde quando foi iniciado o acompanhamento da cobertura florestal da região, em 2015. O anúncio foi feito pelo Deter, sistema do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que realiza quase em tempo real a detecção do processo de desflorestamento da área.
No acumulado para todo o mês de fevereiro, a área com alertas foi de 321,9 km2 na Amazônia. O índice representa um crescimento de 62% em relação ao ano passado (198,6 km2), que era, até então, o mais alto da série histórica iniciada em 2015.
No cerrado a situação foi ainda pior, com números que chegaram a 557,8 km, um aumento de 97% em relação a 2020, que tinha o recorde anterior, de 282,8 km2.
O recorde vem depois de uma baixa expressiva registrada em janeiro, quando foram emitidos alertas para 166,5 km², número 61% menor do que em janeiro de 2022.
Os dois biomas juntos representam mais de 880 km2 de área devastada e mostram uma lacuna no combate ao desmatamento. Demonstra também uma certa lentidão nas ações do atual governo e para os novos responsáveis pelas entidades oficiais do meio ambiente brasileiro em conhecer e tomar iniciativas para conter o desmatamento nas regiões brasileiras.
O Deter mapeia e emite alertas de desmate com o objetivo de orientar ações do Ibama e outros órgãos de fiscalização. As informações são colhidas por satélite e o sistema detecta apenas alterações na cobertura florestal maiores do que 25 hectares. Devido à cobertura de nuvens – maior em períodos chuvosos-, nem todas as cicatrizes de desmate são identificadas.
Carlos Vasconcelos – Correspondente