O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, afirmou, nesta segunda-feira (15), durante um evento com investidores no Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, que “os ataques que o Brasil sofre em relação à Amazónia não são justos”. Bolsonaro convidou os investidores árabes a conhecer a floresta e, segundo os ambientalistas, mentiu ao dizer que “por ser uma floresta húmida, não pega fogo.”
“Nós queremos que os senhores conheçam o Brasil de facto. Uma viagem e um passeio pela Amazónia é algo fantástico, até para que os senhores vejam que a nossa Amazónia, por ser uma floresta húmida, não pega fogo. Que os senhores vejam realmente o que ela tem. Com toda certeza, uma viagem inesquecível”, afirmou Bolsonaro durante a abertura do evento “Invest in Brasil Forum”, no Dubai.
“Afirmar que a floresta é húmida como um todo era algo verdadeiro há 60 ou 70 anos; hoje, com 20% desmatado, isso não é mais um facto”, explica o ambientalista Antonio Oviedo, assessor do Instituto Sócio-Ambiental (ISA), ONG presente na Amazônia há 25 anos. A diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Ane Alencar, reforça que “o desmatamento, a exploração da madeira e outras atividades humanas mudam a condição da floresta húmida como barreira ao fogo”. O Ipam trabalha desde 1995 pelo desenvolvimento sustentável na região.
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) também apontam, de forma repetida, os focos de incêndio acima da média na floresta nos últimos meses. Em junho, houve o maior número de focos para o mês em 14 anos; em julho, foram quase 5 mil focos; em agosto, 28 mil.
Já na COP26, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Álvaro Pereira Leite, foi agraciado com o segundo lugar no antiprêmio “Fóssil do Dia”, por manter a política de desrespeito ao meio ambiente na Amazónia. Comparado ao seu antecessor Ricardo Sales, que defendia a política de “passar a boiada” no ministério, ao libertar áreas para criação de gado, mineração e desmatamento para comercialização de madeira.
Carlos Vasconcelos – Correspondente