Finalmente os 34 brasileiros que estão na zona de conflito, na Faixa de Gaza, foram autorizados a atravessar a fronteira com o Egito e serem repatriados para o Brasil. O grupo já se deslocou para a fronteira e o avião da Presidência da República brasileira, que estava há semanas no Cairo, seguiu para um aeroporto mais próximo.
A operação ocorre depois de semanas de negociações, frustrações, crises diplomáticas e incertezas. Todos os brasileiros e seus parentes devem chegar ao país até segunda-feira (13/11).
O governo de Israel confirmou que colocou os brasileiros entre os nomes que poderão usar a fronteira com o Egito para deixar a região sob intenso bombardeamentos. No entanto, apenas podem passar depois de todas as ambulâncias com feridos fazerem o mesmo trajeto.
Nos últimos dias, a suposta descoberta de combatentes entre os autorizados a sair já levou o Egito a fechar a passagem.
No caso dos cidadãos brasileiros, o assunto estava a criar tensão entre o governo de Israel e o governo de Brasília. Os israelitas haviam sinalizado que a saída poderia ocorrer na quarta-feira, mas só depois de dois atrasos sucessivos, os nomes foram finalmente incluídos na lista.
A espera de um mês gerou tensão e fortes preocupações dentro do governo brasileiro. No Itamaraty, essa retirada era considerada como prioridade. Qualquer incidente que pudesse causar a morte de um deles seria vista como um fracasso diplomático do governo.
De acordo com o jornalista Jamil Chade, do portal Uol, mesmo as ingerências do governo de Israel no Brasil e atos vistos como provocações por parte da diplomacia israelense foram abafadas pelo Itamaraty para impedir que “ruídos” atrasassem ainda mais a liberação dos brasileiros.
Depois de paragens em Roma, Las Palmas (Espanha) e no Recife, o avião que aguarda pelos brasileiros deve chegar em Brasília entre domingo e segunda-feira. Não está descartado que o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva os receba na base aérea, num sinal claro da importância política que a operação tem.
A lista contém um total de quase 600 pessoas que poderão ser retiradas, de várias nacionalidades, incluindo russos e chineses. Do grupo solicitado pelo governo, 22 pessoas têm dupla nacionalidade (brasileiros-palestinos). Os demais são palestinos, dependentes dos brasileiros, dois deles ainda têm nacionalidade de outro país.
Apesar de o governo comemorar, a lista original causou inicialmente uma frustração. Não constava o nome de Jamila Ewaida, avó de Shahed al-Banna, uma jovem de 18 anos que foi autorizada a deixar Gaza. Mas o governo brasileiro conseguiu reverter a situação e tratou a exclusão da idosa como apenas uma questão de erro administrativo. Fontes diplomáticas em Tel Aviv confirmaram que Jamila Ewaida está na lista final.
Carlos Vasconcelos – Correspondente