Com conversas que se arrastam desde 2019, os governos de Brasil e China não conseguiram renovar a tempo os dois principais documentos que definem as diretrizes e as prioridades das relações bilaterais. Terminaram em dezembro tanto o Plano Decenal de Cooperação Brasil-China como o Plano de Ação Conjunta –com validade de cinco anos– assinados entre os dois países em 2012 e 2014, respectivamente.
Enquanto o Plano Decenal traz princípios comuns que devem reger a parceria, o documento quinquenal é mais detalhado. Neste caso, o documento reúne metas e indica interlocutores em diversas áreas, como agricultura, ciência e tecnologia, cooperação financeira e educação, entre outros. Ambos os documentos servem de bússola para orientar a relação bilateral a longo prazo.
As metas no Plano de Ação Conjunta que acaba de terminar incluem estimular visitas de autoridades e trabalhar em conjunto certos temas em organismos internacionais. O texto define ainda o objetivo de estimular a participação de empresas chinesas em licitações no Brasil e garantir a troca de informações de medidas fitossanitárias para evitar a retenção desnecessária de mercadorias nos portos.
Embora o fim da validade dos textos não tenha maiores efeitos práticos, o fracasso da diplomacia em atualiza-los até o fim do ano passado é um reflexo simbólico do arrefecimento das relações sino-brasileiras em boa parte do mandato do presidente Jair Bolsonaro.
Os governos do Brasil e da China continuam a discutir os documentos, de qualquer forma. Também está sobre a mesa uma tentativa de reformulação da estrutura da própria Cosban, mas o tema enfrenta resistência dos chineses. O objetivo é tentar fazer as negociações avançarem para que o impasse não afete a realização, ainda no primeiro semestre, de uma reunião planejada entre os vices.
O encontro virtual ainda não está agendado, mas os interlocutores temem que sua não realização venha a representar mais um sinal negativo nas relações sino-brasileiras.
Carlos Vasconcelos – Correspondente