Brasil: Governo Federal estava ao corrente dos riscos da manifestação em Brasília

A nuvem do designado “apagão da inteligência federal”, que estaria na origem da falta de antecipação sobre a manifestação e incidentes na esplanada dos Três Poderes em Brasília, no domingo 8 de Janeiro, está cada vez mais dissipada.

Segundo a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o Governo Federal, e os órgãos de segurança pública do Distrito Federal, foram antecipadamente alertados sobre a crescente concentração de manifestantes em Brasília e do risco de invasão aos edifícios dos Três Poderes.

A Abin, com base nos dados recolhidos junto da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), sustentou também o seu alerta com o volume anormal de transportes fretados por manifestantes para deslocarem-se de todo o país a Brasília.

Segundo manifestante, que pediu anonimato, que esteve presente em Brasília durante os eventos de 8 de Janeiro, a “mobilização decorreu sem comando, abertamente e publicamente” tendo a maioria dos manifestantes começado a deslocar-se para Brasília na quinta-feira precedente aos incidentes. “Sexta e sábado acampamos em Brasília, éramos milhares, homens e mulheres, velhos, jovens e crianças, e ninguém estava escondido. Não éramos os terroristas e os vândalos que estão hoje nas falas do Governo”, contou o manifestante.

“Nunca houve qualquer intenção de destruir, mas sim de ocupar os Três Poderes, paralisar os trabalhos do Governo, pressionar, até que o Supremo Tribunal disponibilizasse os Códigos Fonte para uma auditoria pública e independente dos resultados eleitorais”, disse o manifestante que acusou “infiltrados” de terem “iniciado intencionalmente” os distúrbios e destruições “enquanto muitos manifestantes gritavam: não destruam, não destruam”.

Especialista em segurança explicou que “ou os alertas da Abin, mas também da Polícia Militar do Distrito Federal, foram ignorados por inexperiência, ou ignorados intencionalmente, como meio que os distúrbios expectáveis dessem ao Governo Federal os argumentos e instrumentos legais para acabarem definitivamente com os acampamentos da oposição junto aos quartéis e apelos incessantes a manifestarem, contestando a falta de transparência dos resultados eleitorais”.

“Um vencedor nunca deve humilhar um derrotado, principalmente quando a diferença percentual entre os dois é muito pequena”, disse cientista político de São Paulo. “Os discursos na posse de Lula deveriam ter sido unificadores, mas foi o contrário. Acentuaram ainda mais as divisões e extremaram as posições de uma parte e outra, que resultou nos distúrbios em Brasília. Foi uma desgraça, mas era absolutamente previsível”, concluiu.

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