O Brasil deve experimentar um crescimento de 80% na produção de petróleo nos próximos dez anos. As estimativas mostram que o país deve passar dos atuais 3 milhões para 5,4 milhões de barris por dia já em 2029.
De acordo com cálculos da empresa estatal Petrobras e da Agência Nacional do petróleo (ANP), o crescimento expressivo na produção brasileira é atribuída às atuais áreas exploratórias do país concentrado no pré-sal na Bacia de Santos.
Os mais de 70% da produção nacional tem origem nas reservas em águas profundas e ultraprofundas, a cerca de 7 mil metros abaixo da superfície do mar. O Campo de Búzios, localizado no pré-sal da Bacia de Santos e que é considerado o maior do mundo em águas profundas, celebrou, recentemente, a produção de 1 bilião de barris de petróleo em apenas cinco anos de atividade.
Atualmente, o Campo de Búzios produz em média 700 mil barris por dia, mas especialistas prevêem que esse número possa chegar à marca de 2 milhões de barris diários nos próximos cinco anos. No ano passado, a produção total do Brasil foi de 3 milhões de barris por dia.
Conforme os estudos, Búzios poderá representar mais de 60% da extração nacional de petróleo em breve. Para atender a essa procura crescente, o campo contará com 11 plataformas em operação, quatro em construção e três com contratos assinados pela Petrobras.
A indústria de petróleo e gás já representa 15% do Produto Interno Bruto industrial do país, empregando cerca de 1,5 milhão de pessoas em toda a cadeia de produção e gerando R$ 170 bilhões em tributos em 2021.
Com o aumento da produção, esses números crescerão substancialmente, especialmente considerando a previsão de investimentos na ordem de US$ 180 bilhões até 2030, de acordo com o economista João Victor Marques Cardoso, pesquisador do Centro de Estudos de Energia da Fundação Getulio Vagas (FGV Energia).
“A Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) calcula que a arrecadação com royalties e participações especiais – que têm como destino a União, além de estados e municípios nos quais há produção de petróleo – deste ano será de R$ 93 bilhões. Em 2026, o limite da projeção ANP, ela chegará a R$ 108,5 bilhões”, refere.
O Brasil, atualmente o nono maior produtor de petróleo do mundo, deve saltar para a quinta posição na próxima década. Essa mudança de status confere ao país uma posição estratégica mais relevante no cenário mundial de produção de óleo e gás.
Embora a exploração de petróleo possa levantar questões sobre sustentabilidade, especialistas apontam aspectos favoráveis para o Brasil. A intensidade de carbono resultante da produção nacional de petróleo é inferior à média mundial, especialmente em campos como Tupi e o Campo de Búzios, onde é de menos de 10 quilos de CO2 por barril de petróleo equivalente. Em comparação, no Canadá, esse valor ultrapassa 40 quilos.
Embora o mundo esteja caminhando para a transição energética, com redução da demanda por petróleo, é importante notar que essa transição não ocorrerá de forma imediata. Estimativas apontam que a demanda por petróleo permanecerá intensa até 2050. Além disso, o petróleo é essencial para setores como têxtil e farmacêutico, onde ainda não existem alternativas viáveis de matéria-prima.
Carlos Vasconcelos – Correspondente