Cresce lista de pré-candidatos à Presidência do Brasil

As eleições presidenciais de outubro contam já com vários pré-candidatos no Brasil. Uns mais populares do que outros, cada nome promete, à sua maneira, à esquerda ou à direita, “fazer grandes mudanças” no destino político da nação. Partidos mobilizam-se e negociam os melhores nomes e estratégias para alcançar a vitória no final do ano, num país marcado por inúmeros escândalos de corrupção e pela descrença da população nos grupos políticos existentes.

Guilherme Boulos foi anunciado recentemente como candidato à Presidência da República pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSol). Boulos é líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e conta com grande trânsito no Partido dos Trabalhadores (PT). Nomes ligados ao PT sublinham que se Lula pudesse ser candidato pelo partido, Boulos não apresentaria candidatura por nenhum partido e apoiaria Lula. Porém, com o ex-presidente enfrenta processos na justiça e provavelmente não vai concorrer nas eleições de outubro, Boulos decidiu avançar como candidato.

Por seu turno, o PT ainda tenta forçar a indicação de Lula como candidato. O ex-presidente está prestes a ser preso, após condenação na justiça no caso do apartamento Triplex, no litoral de São Paulo. Dessa forma, o nome de Fernando Haddad, académico e político brasileiro e ex-prefeito da cidade de São Paulo, ganha força. Contudo, o PT não revela se já tomou uma decisão sobre o seu candidato.

Manuela D’Ávila, do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), será também candidata. Manuela é ex-deputada federal e actual deputada estadual no Rio Grande do Sul.

Em alternativa aos partidos de esquerda, um dos nomes de direita é o deputado Jair Bolsonaro, do Partido Social Cristão (PSC-RJ), que está prestes a se filiar ao Partido Social Liberal (PSL). Bolsonaro conta com uma grande legião de admiradores em virtude da sua opinião austera e crítica sobre temas polémicos, como homossexualidade, a utilização das forças armadas na segurança pública, o papel da mulher na sociedade, além de não apoiar o aborto. Por esses mesmos motivos, o deputado é visto negativamente por grande parcela da população. Especialistas políticos afirmam que as chances de Bolsonaro chegar à segunda volta das eleições são razoáveis, porém, Bolsonaro “necessita trabalhar a sua oratória” ou será “engolido” pelos adversários.

Outro nome de direita é o de Rodrigo Maia do Partido Democratas (DEM-RJ). Maia é o actual presidente da Câmara dos Deputados e, a cada dia, mostra-se mais distante do actual Presidente do Brasil, Michel Temer. Recentemente, Temer e Maia discordaram veementemente na questão da intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro. Maia considerou que o anúncio da acção das forças armadas no Rio foi “precipitado” e que essa manobra necessitaria de planeamento prévio. Quando questionado sobre a intervenção, Maia, que agora diz apoiar o tema, deixa escapar o seu descontentamento sobre o assunto, já que não foi consultado por Temer antes de o presidente tomar a polémica decisão. Segundo os seus próprios aliados, Maia tem feito pouco esforço para votar as reformas sugeridas pelo governo, como a da Previdência, que não conta com apoio da população.

Ciro Gomes, do Partido Democrático Trabalhista (PDT), é outro nome presidenciável. Gomes já concorreu à Presidência e tem sempre papel preponderante na política nacional, em alguns ministérios. Ciro Gomes não conta com grande apoio popular.

Pelo lado do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), o actual governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o actual prefeito de São Paulo, João Dória, chegaram a virtualmente disputar a preferência do partido para saber quem iria disputar o cargo de presidente. Alckmin saiu vencedor desse duelo nos bastidores do partido e será o nome presidenciável. Fontes ligadas ao partido realçam que Doria será o nome do partido para concorrer ao cargo de governador de São Paulo, eleição que acontece também em outubro.

Mas a maior novidade da semana foi o anúncio do próprio presidente Michel Temer, que revelou que será candidato à reeleição pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Temer afirmou que seria “cobardia” não se candidatar, já que o país precisa de reformas. Desde que assumiu a Presidência, após o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, Temer garantiu, em vários programas de televisão, que não disputaria a reeleição. Embora tenha o apoio do partido, Temer terá que enfrentar as prévias do PMDB com Henrique Meirelles, actual ministro da Fazenda. Meirelles poderá também concorrer pelo Partido Social Cristão (PSC), caso o PMDB opte mesmo por Temer. Mas se tentar candidatura pelo PSC, Meirelles terá pela frente Paulo Rabello de Castro, presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que, recentemente, foi alvo de investigação da Polícia Federal.

Marina Silva, da Rede, será o nome indicado pelo partido. Marina já disputou duas corridas presidenciais.

Por sua vez, Álvaro Dias, do partido Podemos, ganha espaço como presidenciável por ser um dos grandes críticos do PT e por estar sempre ligado às Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs), em Brasília.

Apesar de contar com grande rejeição, Fernando Collor de Mello, do Partido Trabalhista Cristão (PTC), também pretende se candidatar à Presidência. Collor é ex-presidente, após ter sido destituído do posto no início dos anos 1990. Actualmente é senador por Alagoas.

Outros nomes poderão surgir até abril.

Uma das pautas exploradas este ano é a intenção dos partidos em não competirem juntamente com outras legendas. Cada partido apresentaria os seus candidatos, sem coligações.

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