Os agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM), na Cidade de Nacala Porto, na província de Nampula, balearam mortalmente quatro jovens que participavam numa manifestação popular no passado dia 15 de maio.
A crença popular de que doenças como cólera e diarreias são propagadas pelas autoridades locais, incluindo responsáveis do bairro Quissimajulo, esteve na origem dos tumultos.
Os rumores começaram quando três crianças da mesma família morreram vítimas de diarreias e vómitos, situação que levou os pais e vizinhos a concluírem que os responsáveis do bairro, nomeadamente o secretário e os líderes comunitários, haviam espalhado a doença para matar pessoas.
Entretanto, a crença desencadeou túmulos e, segundo contou o chefe de quarteirão 15, Gustavo Pilale, pelo menos 20 casas de líderes comunitários foram destruídas por populares. A Polícia foi chamada a intervir para conter os ânimos dos populares que estavam a vandalizar o Centro de saúde local, o Posto Policial e as residências dos responsáveis do bairro, incluindo de líderes comunitários.
A Polícia acabou por usar armas de guerra para conter a revolta popular e quatro pessoas foram atingidas. Segundo o que o chefe de quarteirão 15 do bairro Quissimajulo explicou, não foi possível socorrer os jovens alvejados para o hospital uma vez que os manifestantes abriram covas profundas na estrada para impedir a entrada e saída de viatura das autoridades no bairro. Desta forma, os quatro acabaram perdendo a vida no local onde foram atingidos.
Por outro lado, devido à situação de insegurança que se instalou no Bairro Quissimajulo, os profissionais da saúde abandonaram o Centro de saúde local e alguns membros da PRM puseram-se em fuga. Factos que fez com o recenseamento eleitoral fosse foi interrompido, aguardando-se pela restauração da ordem e tranquilidade públicas.
Importa referir que no passado sábado, 13 de maio, um genro do líder Comunitário de 34 anos foi apedrejado e espancado pela população até a morte no Distrito de Gurué, povoado de Ruace na província Zambézia no lugar do seu sogro que é acusado de propagar cólera. Sidner Lonzo, porta-voz da PRM, confirma o caso adiantando que não houve nenhum detido em conexão com o caso.
“Enquanto as autoridades de saúde não reforçarem a educação cívica e sensibilização das pessoas, a crença segundo a qual doenças como cólera são propagadas por responsáveis locais vai continuar no imaginário social, reforçando a falta de confiança nas instituições do Estado”, disse o Porta-voz.
Aurelio Sambo – Correspondente