Através de uma lacónica nota, o gabinete responsável pela comunicação institucional da Presidência informou que a visita do Chefe de Estado angolano João Lourenço a Cabinda, programada para 13 e 14 de Agosto, foi adiada “sine die”. Uma informação que chegou menos de 24 horas depois de um avião militar transportar para Cabinda os jornalistas que deveriam garantir a cobertura da visita presidencial.
Apesar do gabinete de comunicação da Presidência não adiantar os motivos do súbito cancelamento, várias organizações independentistas de Cabinda preparavam-se para acolher o chefe de Estado angolano ao som de protestos e reivindicações.
Assim que foi divulgada a deslocação de João Lourenço a Cabinda, os activistas nacionalistas e independentistas multiplicaram as publicações na redes sociais com críticas ao presidente angolano e ao MPLA, partido no poder desde 1975, criando um clima de desconforto e insegurança ao qual os serviços de comunicação da Presidência estavam atentos.
A Presidência angolana temia também que os movimentos armados independentistas levassem a cabo acções, durante a permanência do João Lourenço em Cabinda, como meio de chamar a atenção da Comunidade Internacional para a situação militar e ambiente de conflito em Cabinda, num momento em que a imprensa nacional e internacional estaria no território.
O súbito adiamento “sine die” da deslocação de João Lourenço a Cabinda é também um rude golpe nas organizações próximas do MPLA que estão empenhadas na criação de plataformas que visam agrupar várias tendências políticas cabindesas com o objectivo de “negociar” com o Governo angolano uma “solução pacífica” para o conflito em Cabinda. A presença de João Lourenço em Cabinda seria uma ocasião para estas organizações confirmarem que a sua acção conta o aval do Chefe de Estado angolano.
Dinâmicas quem tem suscitado fortes críticas das correntes nacionalistas e independentistas que ironizam afirmando que “o problema de Cabinda não pode ser negociado entre o MPLA e o MPLA”.