Cabo submarino vai ligar o Brasil à Europa para esconder o tráfego web dos EUA

Um novo cabo submarino vai ligar o Brasil a Portugal para proteger o tráfego de Internet da América Latina da vigilância dos Estados Unidos da América (EUA), confirmou a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, após a reunião com os presidentes da Comissão Europeia e do Conselho Europeu. “Temos que respeitar a privacidade, os direitos humanos e a soberania das nações. Nós não queremos que as empresas sejam espiadas”, disse Rousseff numa conferência de imprensa conjunta.

Rousseff estava entre os líderes mundiais que abertamente criticam os EUA após a revelação da dimensão do seu programa de vigilância electrónica, denunciado por Edward Snowden. A presidente adiou uma visita programada aos EUA após a divulgação de um relatório segundo o qual a agência de inteligência americana espiava os seus e-mails e telefones.

Não só os líderes políticos brasileiros, mas também grupos industriais têm estado, alegadamente, sob vigilância dos EUA, incluindo a gigante do petróleo Petrobras. Críticos acusaram os EUA de usar as suas capacidades tecnológicas para espionagem económica que não tem nada a ver com a segurança nacional.

Desde as revelações, Rousseff tem procurado reduzir a dependência do Brasil da infra-estrutura dos EUA para as comunicações. A maior parte do tráfego de Internet do Brasil passa por território norte-americano e o único cabo submarino que liga à Europa está obsoleto e só pode transportar comunicações de voz.

“A Internet é uma das melhores coisas que o homem já inventou. Então, nós temos a necessidade de garantir a neutralidade da rede, um espaço democrático onde podemos proteger a liberdade de expressão “, disse Dilma Rousseff.

O projeto de cabo de 169 mil milhões de euros, chamado EulaLink, está a ser construído por um consórcio entre o provedor de telecomunicações brasileiro Telebras e a IslaLink da Espanha. Os fundos brasileiros e europeus detêm cerca de 20% do projeto.

O cabo ligará Fortaleza, no Brasil, a Cabo Verde, que por sua vez ligará à Gran Canaria, ilha espanhola, e daí a Lisboa, estando previsto entrar em funcionamento no final do próximo ano.

Os gigantes da tecnologia como o Google e Facebook, assim como quase uma dúzia de outras grandes empresas, estão a pensar entrar no projeto, disse o ministro das Comunicações brasileiro, André Figueiredo, numa entrevista durante a convenção Mobile World Congress em Barcelona.

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