O deputado do PAICV José Veiga afirmou esta quinta-feira, 29 de novembro, que a “grande maioria” dos cabo-verdianos quer sair do país para fugir à “pobreza extrema”, uma vez que “não há perspetiva num futuro melhor”. As declarações foram feitas no Parlamento, durante o debate do Orçamento do Estado para 2019.
Para José Veiga, a realidade é “tão sufocante” que “uma grande maioria dos cabo-verdianos” se sente retida no próprio país. “Esse orçamento ainda não convida os cabo-verdianos a ficarem”, afirmou, acrescentando que o mesmo “não traz propostas aos desafios dos cabo-verdianos, porque é mais um orçamento do vamos. Já são quatro orçamentos do vamos”.
O deputado do principal partido da oposição disse ainda esperar que Cabo Verde “nunca mais” venha a ter “um Governo tão insensível e tão propagandista como este do MpD”, e defendeu que o Governo, e principalmente o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, deve “assumir as suas responsabilidades e cumprir a sua missão”. “A realidade é incontornável e, uma coisa é certa, não há campanha propagandística do Governo, orquestrada por profissionais especialistas de comunicações, muitos contratados no exterior a peso de ouro, não há malabarismo numérico, estatístico que possa falsear a verdade e escamotear a realidade em que vivemos”, salientou.
José Veiga partilhou que a “realidade e verdade” consistem no facto de que “milhares de jovens estão sem emprego, desesperados, sem perspetivas do futuro, por falta de capacidade de o Governo dinamizar a economia para absorver a população ativa para receber quadros, para gerar empregos para jovens”, e mencionou também ser “triste e vergonhosa realidade” aquela passada por milhares de estudantes que, segundo afirmou, abandonam ou não entram nas universidades por falta de bolsas de estudo “porque este Governo está a negligenciar a capacitação dos jovens e o futuro de todos os cabo-verdianos”.
“E já ninguém se lembra do compromisso de formar 50 cabo-verdianos nas melhores universidades do mundo”, ajuntou, dizendo ser “lamentável” o facto de que “milhares de famílias cabo-verdianas” estejam a “passar por dificuldades”, sendo indivíduos “abandonados pelo Governo da República”. O deputado referiu que o caso “pode ser visto, tanto na rua de frente, onde tentam ganhar o pão e são escorraçados pela Polícia Municipal, como nas ruas de trás, nos campos, no interior, nos bairros degradados, onde sobrevivem um dia de cada vez perante a insensibilidade humana do Governo de Ulisses Correia e Silva”.
Segundo o membro do PAICV, o Orçamento de Estado para 2019 “ainda não promove a mudança da realidade, não promove a geração de rendimentos, não combate a pobreza e não socorre as famílias. Não combate a precariedade”, considerando que o orçamento apresentado pelo Governo do MpD, é “para alimentar a máquina pública, para satisfazer os caprichos de um Estado despesista, de um governo gastador, que gosta de luxo e dos passeios no exterior que gosta de festivais e conferências internacionais”. “Este Governo tem sido, de facto, uma grande deceção para os cabo-verdianos porque Ulisses Correia prometeu aos cabo-verdianos e não tirou do papel”, concluiu.