O antigo primeiro-ministro cabo-verdiano Gualberto do Rosário questionou a Lei da Paridade, tendo classificado a mesma como um “caminho tortuoso, discutível em termos de princípios e em termos constitucionais, efetivamente injusta, demagógica e populista”.
Na publicação feita na sua página da rede social Facebook, afirmou também que está a esforçar-se para entender se o MpD, partido no poder, e o PAICV, maior formação política na oposição, vão votar uma Lei da Paridade que obrigue a fazer listas eleitorais onde a presença dos sexos seja paritária.
“Dito de outra forma, eles, PAICV e MpD, são os sujeitos únicos e os objetos únicos da Lei. Significa que, na ausência desta lei, não respeitam o princípio da paridade? Mas onde se viu tanta hipocrisia e tanta incoerência? Onde se viu tamanha demagogia e populismo?”, questionou.
“Onde se viu tanta instrumentalização para arregimentar votos ‘femininos’? É dessa forma que pretendem promover a mulher? E desta forma pequenina que olham para as Cabo-verdianas, inteligentes, lutadoras, dignas e que vêm demonstrando, particularmente depois da independência, como se conquista a paridade? Desejam roubar o mérito às cabo-verdianas?”, acrescentou.
Gualberto do Rosário escreveu ainda que se os referidos partidos políticos querem, de facto, a paridade, estando a governar ou na oposição, devem desenvolver ou propor políticas que forneçam a cada cidadão os instrumentos de que este necessita para exercer a plenitude a sua cidadania, independentemente do sexo, da idade, da religião, das opções filosóficas e da condição social.
Isto, afirmou, a começar pelo exercício efetivo da liberdade constitucionalmente reconhecida, do acesso à educação e à saúde, e soluções para obter rendimentos compatíveis com o exercício da cidadania.