Cabo Verde: Governo acusado de abandonar funções para dedicar-se a campanhas eleitorais

O PAICV acusou o Governo cabo-verdiano de abandonar o país para participar nas campanhas eleitorais, referindo-se indiretamente à campanha do candidato presidencial Carlos Veiga. Este político é apoiado pelo MpD, partido no poder, e tem sido acompanhado pelo primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, em algumas zonas do país durante a sua campanha. 

A maior formação política da oposição no arquipélago mencionou mais uma vez o alegado uso de recursos do Estado para financiar viagens no apoio a candidatos. Tratam-se de críticas feitas pelo presidente do PAICV, Rui Semedo, durante uma conferência de imprensa realizada nesta quinta-feira, 14 de outubro. 

Segundo Semedo, o Governo deixou de governar porque está mobilizado para as campanhas eleitorais, esquecendo-se assim da grave situação que Cabo Verde atravessa. “Neste momento em que precisávamos de um Governo presente e focado o tempo todo, os principais responsáveis do país ignoram as suas responsabilidades e saem pelas ilhas a fazer campanha presidencial”, declarou. 

Apesar de o primeiro-ministro afirmar que não gasta dinheiro do Estado, o representante do PAICV questionou então quem pagou as viagens para São Tomé e Príncipe, Luxemburgo e para os Países Baixos, além das viagens da pré-campanha para todas as ilhas cabo-verdianas. 

“Todos nós sabemos que o Governo e o primeiro-ministro andam a fazer campanha todos os dias às custas do dinheiro público”, concluiu. 

Falha na entrega do Orçamento do Estado 

Uma das provas dadas por Semedo para o facto de o Governo andar distraído e entretido com as campanhas foi o do incumprimento do prazo para a entrega do Orçamento do Estado. 

De acordo com a Lei 55/IX/2019, que estabelece as Bases desse orçamento, ou seja, de acordo com o artigo 56.º dessa Lei, “O Governo entrega na Assembleia Nacional a Proposta de Lei do orçamento para o ano económico seguinte até 01 de Outubro”

A entrega do referido documento foi feita ao Parlamento apenas a 05 de outubro, ou seja, fora do prazo legal. Para o dirigente, tal abriu uma crise institucional grave de contornos imprevisíveis. 

“O primeiro-ministro, de tão ocupado em carregar o seu candidato [Carlos Veiga] para cima e para baixo, não se lembrou que tem outros compromissos, designadamente, com o Parlamento”, finalizou.

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *




Artigos relacionados

Moçambique: Governo vai passar a controlar preços no país

Moçambique: Governo vai passar a controlar preços no país

O Governo moçambicano informou que vai passar a determinar e a controlar, a partir das próximas duas ou três semanas,…
Angola: Governo fala sobre crescimento do setor não petrolífero até 2050

Angola: Governo fala sobre crescimento do setor não petrolífero até 2050

O ministro de Estado para a Coordenação Económica de Angola, Manuel Nunes Júnior, avançou que o setor de produtos não…
Cabo Verde passa a considerar novas empresas como "grandes contribuintes"

Cabo Verde passa a considerar novas empresas como "grandes contribuintes"

Uma alteração à portaria de 2013 aprovada pelo Ministério das Finanças de Cabo Verde leva a que as autoridades tributárias…
Universidade de Coimbra lidera projeto para combater a obesidade e promover a saúde ao longo da vida

Universidade de Coimbra lidera projeto para combater a obesidade e promover a saúde ao longo da vida

O projeto “PAS GRAS: redução de riscos metabólicos, determinantes ambientais e comportamentais da obesidade em crianças, adolescentes e jovens adultos”,…